★★★
Diretor: Scott Beck, Bryan Woods
Roteirista: Scott Beck, Bryan Woods
Elenco: Katie Stevens, Will
Brittain, Lauryn Alisa McClain, Andrew Caldwell, Shazi Raja, Schuyler Helford,
Phillip Johnson Richardson, Chaney Morrow, Justin Marxen, Terri Partyka, Justin
Rose, Damian Maffei, Schuyler White, Samuel Hunt (...).
Gênero:
Terror
Ano: 2019
País:
Estados Unidos
Escrito e
dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, “Haunt” (2019) é a nova empreitada da
dupla de roteiristas do excelente “Um Lugar Silencioso” (2018), que agora volta
à direção, após quatro anos (onde estrearam com o não tão bem recebido “Nightlight”),
para entregar um slasher bastante sangrento e divertido ambientado numa noite
de Halloween.
Trata-se de
alguns amigos que, após uma festa a fantasia, saem à procura de diversão
extra, encontrando-a numa casa mal assombrada numa estrada no meio do nada. Eles
são recebidos por uma pessoa vestindo uma fantasia e máscara de palhaço que
impõe algumas regras antes de deixá-los entrar: é necessário preencher um
formulário com algumas informações pessoais; e o mais importante, ninguém pode
levar seu celular para dentro da casa. Ao adentrar, eles se deparam com
cenários que emulam os famosos “escape rooms”, onde eles têm de procurar
alternativas para conseguirem passar de nível até chegar à saída. No meio disso,
armadilhas capturam algumas pessoas que são usadas no teatro macabro
proporcionado pelos mascarados da casa.
Um dos
méritos da dupla Beck/Woods é saber conduzir o suspense através dos diversos
níveis desse misterioso lugar, e os vilões mascarados, muito bem trabalhados pela dupla, tem papel fundamental nisso. Os cenários
aterrorizantes e claustrofóbicos pelos quais o grupo de amigos precisa passar
corroboram bastante na criação da tensão. Há maneiras de conseguir achar a saída de
certo nível para passar para o seguinte, mas são maneiras incômodas e muitas
vezes perigosas que vão desde desafios aparentemente inofensivos até outros evidentemente perigosos. Com os mascarados da casa, aliás, não é diferente, eles
conferem um ar ainda mais macabro e misterioso a um ambiente que por si só já é assustador,
e a tensão e desconforto só aumentam conforme eles vão progressivamente aparecendo. Eles são
violentos quando precisam ser e também muito misteriosos tanto sob a perspectiva do
espectador quanto do grupo, que estão no mesmo barco e não fazem ideia de quem são essas pessoas. Um dos pontos altos,
aliás, é quando o primeiro deles se revela, mostrando-se completamente
diferente do imaginado, dando novo fôlego à história que segue cada vez mais violenta.
Quando as
atrocidades acontecem, os fãs de gore não vão se decepcionar. O sangue escorre
como deve em filmes do gênero. Não são cenas extremamente gráficas, mas são
muito satisfatórias dentro da proposta empregada aqui, e vai desde uma cabeça
sendo perfurada até outra sendo estourada. O suspense então vai crescendo principalmente
quando um dos fantasiados resolve ajudar o grupo, dizendo que não sabia que
tudo aquilo tomaria o rumo violento que tomou – e vocês, espectadores, como os personagens, encontram-se sem saber exatamente o que pensar, pois ainda não há como ter certeza sobre se o que ele diz é
realmente verdade; esse artifício na construção da tensão se mostra bastante eficiente, pois, diante de toda a atrocidade, a única coisa que passa pela cabeça é querer vê-los todos saindo bem daquele lugar, então fica difícil tomar uma decisão seja confiando ou não nessa pessoa, e esse impasse ajuda muito na progressão da tensão. O maior
problema, no entanto, são os flashbacks e a trama paralela da personagem
principal Harper (interpretada por Katie Stevens, que aparece noutro filme do mesmo ano, “Polaroid”, num papel de pouca relevância), que seguram o
desenvolvimento da história e falham na tentativa de humanizar a personagem, uma
vez que nada disso é minimamente desenvolvido.
Quando as
coisas saem completamente do controle no terceiro ato, o filme também perde um
pouco de sua força. Algumas transições entre tomadas externas e internas não
parecem naturais ao mostrar alguém saindo e entrando na casa, passando uma noção
confusa de senso de espaço, e o suspense que antes existia e que era um dos
pontos fortes deixa de existir. A tensão também diminui gradativamente conforme
atitudes duvidosas são tomadas por parte dos personagens. Agora, a
inconsistência do final propriamente dito é a banho de sangue frio, visto que
não corresponde ao que foi criado e nem à cronologia da trama. Como que
determinada personagem conseguiu fazer o que fez após ser hospitalizada dentro
do curto espaço de tempo até um dos vilões chegar à sua casa? São ações que não se encaixam.
“Haunt”,
portanto, é um slasher divertido com boas doses de criatividade – com parte dela
envolvendo os vilões –, sangue, suspense e tensão que funcionam até o início do
terceiro ato e que superam os defeitos e inconsistências apresentadas nas tramas
paralelas desnecessárias e o final morno que não faz jus ao que foi desenvolvido. Os méritos
são maiores do que os deméritos. Fãs do gênero terão aqui uma hora e meia,
aproximadamente, de diversão certa.