Nota: ★★★
Diretor: Alex Parkinson
Roteiro: Mitchell LaFortune, Alex Parkinson, David Brooks
Elenco: Woody Harrelson, Simu Liu, Finn Cole, Cliff Curtis, Mark Bonnar, MyAnna Buring, Josef Altin, Bobby Rainsbury...
Gênero: Drama, Suspense, Aventura
Duração: 1 h 33 min
País: Estados Unidos, Reino Unido
Mergulhadores de saturação são profissionais cujo trabalho é considerado um dos mais perigosos do mundo. Esses mergulhadores precisam permanecer em câmaras hiperbáricas, onde ficam por dias respirando oxigênio puro, sendo pressurizadas por esse oxigênio ou por ar comprimido. Esse processo permite que o corpo se adapte a grandes pressões no fundo do mar e também facilita a despressurização para que os mergulhadores possam retornar à superfície. Em 2012, o mergulhador escocês Chris Lemons passou pelo pior pesadelo que um profissional da área poderia passar, e teve sua incrível história contada no documentário de 2019, que mostra tudo o que aconteceu desde antes da sua descida até o seu resgate. Ele ficou a quase 100 metros de profundidade, em alto-mar, sem oxigênio por 30 minutos, após um problema que resultou na perda de comunicação com a superfície. Esse incidente fez com que ele se desprendesse e ficasse perdido no fundo do mar. Com muita luta e persistência de todos, inclusive de Chris, ele foi resgatado após 30 minutos sem oxigênio. A história se torna ainda mais impressionante, pois, mesmo após tudo isso, o mergulhador não sofreu danos físicos ou mentais.
A história é contada por Alex Parkinson, o mesmo diretor do documentário, e busca mostrar, em detalhes, as minúcias do resgate e toda a situação desesperadora pela qual o mergulhador passou, além dos esforços feitos pela equipe para resgatá-lo. O elenco conta com estrelas como Woody Harrelson, que interpreta o experiente Duncan Allock, amigo de Chris e um dos líderes da equipe. O outro parceiro é Dave Yuasa, interpretado por Simu Liu. Fica evidente, desde os primeiros minutos, o quão unido é esse trio e o quão importante é esse trabalho para eles. Eles, mais do que ninguém, sabem dos riscos, e justamente por isso trabalham de modo a sempre dar suporte um para o outro, com atenção máxima o tempo todo, como tem de ser. Assim, quando ocorre o problema e Chris se perde dos demais, a angústia toma conta por alguns fatores, sendo alguns deles: primeiro, o impacto causado na equipe e os esforços que todos fazem para resgatá-lo. Mesmo sabendo que já se passou tempo demais sem oxigênio, eles não perdem a esperança, e esse impacto é mérito tanto das atuações (que, embora não sejam brilhantes, são satisfatórias) dos mergulhadores quanto das pessoas no navio, na superfície. Segundo, Chris passa muito tempo no fundo do oceano, no escuro total, perdido e sem saber exatamente para onde ir. Um sinalizador o ajuda a se guiar naquela imensidão, e, mesmo o espectador sabendo do desfecho (afinal, é uma história muito bem documentada na internet e nos jornais), é angustiante e aflitivo.
Por meio de perspectivas que reforçam a profundidade do local e a gravidade do problema, o diretor consegue, então, neste segundo ato, transmitir a sensação de claustrofobia e nictofobia que, muito provavelmente, os mergulhadores sentiram enquanto estavam presos no fundo do oceano, em meio à escuridão total. Infelizmente, há também problemas recorrentes ao longo da obra, a maioria relacionada à falta de profundidade e inspiração do roteiro, com alguns diálogos que deixam a desejar, por exemplo. Em termos de desenvolvimento, o primeiro e o terceiro atos são os mais problemáticos. O primeiro, falha ao tentar criar um vínculo entre o mergulhador e o espectador por meio de seu relacionamento com a esposa, que se mostra preocupada com a segurança do marido, mas não se aprofunda para além disso. Não há informações adicionais sobre a vida a dois do casal, não havendo, propriamente, desenvolvimento neste primeiro ato, que se resume a apenas apresentar o personagem, sem mais. Não há um elo firme que estabeleça profundidade ao personagem, já que o pouco tempo de tela nesse primeiro momento prejudica, assim como o roteiro monótono, que não varia cenários e muito menos aprofunda os momentos entre os dois antes da viagem para o embarque. O terceiro ato, por sua vez, segue a mesma linha, apresentando inclusive uma cena insossa e absolutamente sem inspiração entre os dois. A trilha sonora também peca ao exagerar ao intercalar tons heroicos e melodramáticos. Dito isso, é o miolo do filme que o sustenta, com cenas que, embora não sejam brilhantes, entregam angústia, aflição e inquietação na medida certa.
(Textos Curtos - Algumas Considerações)
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