sexta-feira, 14 de março de 2025

Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989)

 

Nota: ★★★½

Diretor: Mary Lambert
Roteiro: Stephen King
Elenco: Dale Midkiff, Denise Crosby, Fred Gwynne, Brad Greenquist, Michael Lombard, Miko Hughes, Blaze Berdahl, Susan Blommaert...
Gênero: Terror
Duração: 1 h 43 min
País: Estados Unidos

Stephen King é, de longe, o autor mais adaptado para o cinema. Começando ainda nos anos 70, com “Carrie, a Estranha”, King foi acumulando adaptação após adaptação no decorrer dos anos. Muitas delas sendo elogiadas tanto pela crítica quanto pelo público, recebendo inclusive o reconhecimento do próprio autor, como é o caso mais recente de “Doutor Sono” (2019), adaptado para as telonas por Mike Flanagan. Outras, no entanto, foram criticadas pelo mestre, como “O Iluminado” (1980). “O Cemitério Maldito” (1989), por sua vez, mesmo tendo sido roteirizado por King, é uma dessas adaptações que dividiram um pouco as opiniões. O filme se tornou um clássico e é constantemente lembrado em rodas de discussão, mas não está isento de problemas, e, embora haja unanimidade a respeito de seu estatus, dependendo de quem estiver falando sobre o assunto, o filme pode ser um marco para o cinema B ou apenas um filme comum, para outros.

Louis Creed (Dale Midkiff) se muda com sua esposa, Rachel Creed (Denise Crosby), e seus filhos, a jovem Ellie (Blaze Berdahl) e o pequeno Gage (Miko Hughes), para Ludlow, uma pequena cidade no interior do estado do Maine, onde ele começa a trabalhar como médico na universidade. Eles compram uma casa no campo, cujo vizinho, do outro lado da rodovia que corta o local, é o simpático idoso Jud Crandall (Fred Gwynne). Ele é justamente quem conta à família sobre o cemitério de animais localizado nas matas atrás da casa dos Creed. Com Ellie curiosa, a família visita o local, guiados por Jud, após se estabelecer na nova casa. O cemitério foi criado há muito tempo por crianças que viviam na região e ali enterravam seus animais de estimação, que morriam atropelados pelos caminhões que passavam pela rodovia. Um elo começa a se formar entre Jud e Louis, com o primeiro contando todo tipo de história sobre o passado daquele local ao novo amigo. O ponto de virada na vida do médico, no entanto, ocorre na universidade, onde ele não consegue salvar a vida de um dos alunos, que praticamente morre em suas mãos. A partir disso, esse rapaz começa a aparecer nos sonhos de Louis, tentando preveni-lo de alguns perigos por meio de vários alertas. O que acontece, ao longo da história, é que Louis prefere seguir outro caminho.

O roteiro de King busca trazer para as telas um retrato mais fiel de sua obra, mas em um filme relativamente curto, se comparado ao livro, que é bastante extenso. Elementos como luto e perda, por exemplo, que são aprofundados no livro, continuam presentes e também são retratados com certa profundidade por meio da não aceitação do destino por parte dos personagens, que, diante da tristeza e do desespero profundos em decorrência de uma tragédia, buscam o inimaginável. Alguns conflitos, por outro lado, permanecem na superfície, principalmente os envolvendo Louis e seu sogro. E, justiça seja feita, há momentos assustadores que permeiam a obra (talvez mais assustadores à época, mas que ainda surtem efeito), muitos envolvendo o medo do desconhecido. Afinal, mesmo após escolher percorrer determinada estrada, o que se encontra em seu final é incerto. Também há a figura da irmã de sua esposa, que morreu ainda jovem devido a uma doença degenerativa, cujas lembranças a assombram até os dias de hoje.

Hoje, a obra sustenta a alcunha de clássica muito por conta de sua simplicidade, que foi justamente o que a levou a ser assustadora nos momentos propostos; toda a história por trás do cemitério, a atmosfera criada ao seu redor, o gato da família e a já mencionada irmã da mulher de Louis são exemplos claros disso. Em termos de linguagem cinematográfica, não há absolutamente nada de sofisticado (ao contrário de “O Iluminado”). A trilha, eficiente, muitas vezes lembra composições típicas de filmes feitos diretamente para TV, e os efeitos práticos também não chamam a atenção, com um grande problema na caracterização do personagem que é atropelado. Ainda hoje, muito mais pelos méritos do que pelos defeitos, a obra continua sendo lembrada pelas antigas gerações e descoberta pelas novas, sendo amplamente discutida em rodas de cinema e pelos fãs do King. E grande parte dessa descoberta feita pelas novas gerações, aliás, acontece devido ao livro propriamente dito e à adaptação cinematográfica de 2019 (assunto para um texto futuro), que por muito tempo trouxe à tona essa história que vale a pena ser conhecida por aqueles que ainda não a conhecem.

 

(Textos Curtos - Algumas Considerações

 

 

 

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