quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Come to Daddy (2019)

 

 

★★★★

Diretor: Ant Timpson
Roteirista: Toby Harvard (história e roteiro), Ant Timpson (idéia)
Elenco: Elijah Wood, Stephen McHattie, Garfield Wilson, Madeleine Sami, Martin Donovan, Michael Smiley, Simon Chin, Ona Grauer, Ryan Beil, Raresh DiMofte, Alla Rouba, Noam Zylberman, Gord Middleton, Oliver Wilson (...).
Gênero: Terror / Comédia
Ano: 2019
País: Canadá / Irlanda / Nova Zelândia

Elijah Wood tem demonstrado ano após ano que não é apenas o Frodo, da trilogia “Senhor dos Anéis”. O ator tem tomado decisões acertadas de atuar em filmes independentes de baixo orçamento interessantíssimos cuja maior prioridade é a criatividade das histórias aliada a uma direção competente, sem as pompas dos grandes estúdios e dos orçamentos estratosféricos. Após o divertidíssimo “Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo” (2017), do também excelente e estreante Macon Blair, vem agora o ótimo e pirado “Come to Daddy” (2019), que vai colocar um sorriso no rosto dos fãs de uma boa comédia de terror.

Norval Greenwood (Elijah Wood) recebe uma carta de seu pai (interpretado por um louco Stephen McHattie), com quem não fala desde que desapareceu de sua vida enquanto ainda criança, convidando-o a visitá-lo em sua casa isolada na floresta. Curioso por muitos motivos, e também um pouco nervoso, Norval aceita o convite esperando obter algumas respostas, o que ele não espera, porém, ao chegar lá, é ser recebido com insultos e comportamentos agressivos à sua personalidade tímida e também um tanto quanto esnobe. E aqui termina essa curta sinopse, pois informação demais podem estragar algumas surpresas e reviravoltas de um dos filmes mais malucos e insanamente divertidos do ano.

Em suma, Norval é um jovem que cresceu em Beverly Hills sozinho com sua mãe. De caráter inocente, tímido e esnobe por conta de sua convivência com pessoas famosas e ricas, Norval apresenta uma personalidade frágil tanto física quanto emocionalmente, e muito disso se deve, também, a falta de uma figura paterna em sua infância e adolescência. A falta dessa figura paterna, aliás, mostra-se como uma das boas sacadas do filme, porque quando a maluquice e insanidade acontecem, não há maneiras de prever adequadamente as reações desse personagem, que com os olhos demonstra muito toda a sua inocência e fragilidade frente a situações inimagináveis. Vê-lo lidar com tais situações abusivas e violentas é hilário principalmente pelo fato de tudo aquilo ser completamente novo para ele, que nunca sofreu ou presenciou qualquer tipo de violência durante toda a sua vida. Norval, portanto, até certo ponto é a personificação do espectador (ou pelo menos da grande maioria deles) que, assim como ele, também nunca presenciou qualquer tipo de violência em sua vida, e por causa disso, conjuntamente ao personagem, vai ser levado a pensar em alternativas para conseguir sair dessas situações.  Essa maneira de trazer o público para perto do personagem funciona e é um dos trunfos do diretor.

Falando nisso, o filme não deixa o ritmo cair por causa de uma boa quantidade de reviravoltas adequadamente inseridas em momentos estratégicos. Essas reviravoltas levam o filme a seguir caminhos contrários aos caminhos traçados a princípio, mudando completamente a direção criando situações com as quais Norval vai precisar aprender a lidar rapidamente para sobreviver, dando novos ares à trama que, juntamente com a sua curta duração, não deixa o fôlego acabar. E dentro disso o que chama atenção é o gore muito bem feito. Quando há mortes, elas são incomodamente divertidas tanto pelas situações inusitadas (e acredite, há várias!), quanto pela gravidade dos ferimentos sofridos pelos personagens, ferimentos que são todos mostrados on screen sem dó nem piedade. Algumas dessas mortes chegam a arrepiar de tão gráficas, especial e especificamente uma que ocorre no final, após uma cena divertidíssima num motel.

Todo esse sangue ganha ainda mais sentido quando o nome por trás da obra aparece: Ant Timpson. Esse neozelandês maluco assume aqui seu primeiro filme como diretor, mas trazendo influências de filmes como “Housebound” (2014), “Deathgasm” (2015) e “Turbo Kid” (2015), que foram produzidos por ele e que também carregam uma grande quantidade de humor negro e gore. Ou seja, quando o assunto é humor negro extremamente ácido e sangue jorrando na tela, é com ele mesmo.

Extremamente divertido e recheado de humor e sangue, fãs de filmes de terror oitentistas que buscam nos filmes de hoje essa aura independente e bem feita do baixo orçamento combinado às boas doses de criatividade e gore, encontrarão aqui uma boa pedida. É uma grata surpresa com a qual, bastante curioso, já começo desde já a esperar pelos seus próximos projetos.    



Sessão Dupla: Os Goonies (1985) e Conta Comigo (1986)

      Os Goonies (The Goonies, 1985) – Richard Donner Conta Comigo (Stand by Me, 1986) – Rob Reiner Dentre as várias combinações possíveis...