Nota: ★★★
Diretor: Dutch Marich
Roteiro: Dutch Marich
Elenco: Suziey Block, Eric Mencis, David Morales, Tonya Williams Ogden, Errol Porter.
Duração: 80 minutos
País: EUA
“Horror in
the High Desert” é um filme independente de baixíssimo orçamento que transita
entre o mockumentary e o found footage. Ao que parece, é o primeiro trabalho do
roteirista e diretor Dutch Marich a ganhar um pouco de notoriedade dentro de
sua filmografia – valendo a lembrança que, ao se falar de notoriedade, aqui,
leia-se notoriedade entre pessoas do pequeno grupo de fãs de cinema de
baixo orçamento e dos gêneros aos quais o filme pertence. No entanto, mesmo com
esse pouco de notoriedade, ele ainda continua obscuro para a grande maioria e,
mesmo não sendo perfeito, é eficiente e merece ser mais conhecido.
A história
contada aqui se passa no estado de Nevada, nos Estados Unidos, e é sobre Gary
Hinge (Eric Mences), um adepto das longas caminhadas na natureza e das técnicas
de sobrevivência. Em 2017, Gary, em uma dessas longas caminhadas, acaba
desaparecendo. Sem que os familiares tenham notícia, sua irmã, Beverly Hinge
(Tonya Williams Ogden), aciona a polícia, e é então que toda uma investigação e
busca são instauradas para encontrar o rapaz. Além da polícia, há também uma
investigação paralela ocorrendo por parte de um investigador particular, também
contratado por Beverly.
Aparentemente
não admitido pelo diretor, a história de Gary pode ter sido inspirada num
acontecimento real ocorrido no ano de 2014. Essa é a história de Kenny Veach, um
também jovem aventureiro do estado de Nevada que costumava gravar vídeos
contando sobre suas aventuras na natureza. Em uma dessas aventuras, Veach diz
ter encontrado o que seria a mais misteriosa das coisas com as quais ele já se
deparou, uma caverna cuja entrada tinha a forma perfeita de um M. O pior,
porém, é que quanto mais perto ele se aproximava da caverna, segundo ele, mais
seu corpo vibrava, o que o fez abandonar a ideia de adentrá-la, assim fugindo
dali o mais rápido que pôde, apavorado. Seus seguidores, por outro lado,
queriam que ele voltasse ao local e gravasse tudo que pudesse da caverna. Foi
então que Veach resolveu voltar à aventura, só que dessa vez para nunca mais dar notícia. Até hoje ninguém sabe o que pode ter-lhe acontecido. Seu corpo jamais
foi encontrado, o que só fez aumentar o número de teorias da conspiração que vão
desde aliens até experimentos governamentais ultrassecretos.
O que
aconteceu com Gary Hinge foi basicamente a mesma coisa, mas em vez de uma
caverna, ele encontrou uma cabana velha de madeira. Essa cabana, aliás, muito
estranha, chamou-lhe atenção nesse primeiro momento, porém ele não quis
parar para averiguá-la com mais cautela por motivos tais quais a estranheza que
ela passava. Também fazendo gravações de suas andanças pela redondeza, o rapaz
chegou a gravar alguns vídeos nos quais ele relatava para seus seguidores o quão estranha e
misteriosa era a cabana e também os acontecimentos estranhos pelos
quais ele começou a passar partir de então. Por isso, estando
completamente intrigado com tudo, mas principalmente com o que tinha
encontrado, ele resolve voltar para fazer um registro detalhado do local para
compartilhar em vídeo com as pessoas. É então que muitas coisas são reveladas.
Entre as
entrevistas e as partes dos vídeos gravados pelo rapaz, muito suspense é
desenvolvido pelos fatos que são aos poucos mostrados conforme vai seguindo a
ordem da investigação feita principalmente pelo investigador particular. A
história vai seguindo por rumos que faz o espectador pensar e desenvolver
hipóteses sobre o que pode ter acontecido com Gary para, no final, descobrir a incômoda
verdade por traz disso tudo. E isso é bom pois eleva bastante a atmosfera
inquietante da obra, que encontra em seu clímax o ponto alto – que não
seria alto se não fosse todo o desenvolvimento até ali. O found footage,
portanto, se encontra no final da obra, quando toda a verdade é posta diante
dos olhos dos curiosos espectadores.
Infelizmente nem tudo são flores. A atmosfera foi bem desenvolvida, assim como todo o suspense e tensão, porém o filme peca com alguns excessos. Na primeira parte, por exemplo, informações repetitivas advindas dos entrevistados poderiam ter sido filtradas com o intuito de diminuir o tamanho do longa e permitir uma melhor fluidez, assim como um ou outro momento desnecessário que também poderiam ter sido cortados, ou seja, o filme poderia ter sido mais enxuto. E sobre o clímax, há elementos que causam mais dúvidas – no sentido ruim da palavra – do que respostas, e isso acontece porque parece que o diretor ficou um pouco indeciso na hora de mostrar os fatos do que aconteceu com o rapaz ao público.
Dessa forma, “Horror in the High Desert” não se mostra como um dos grandes do gênero, mas mostra que é decente dentro do que se propõe e por isso vale muito ser visto. Lembrando que, para melhor apreciar a obra, é preciso gostar do gênero, mas não necessariamente ter um conhecimento prévio dele (do gênero cinematográfico) e também não se importar com desenvolvimento lento, pois este é de fato um filme que se desenrola devagar (e isso não é um demérito). O que não significa, vale ressaltar, que outros espectadores que são distantes quanto ao tipo de filme que foi feito aqui não possam gostar, que fique claro.