quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Horror in the High Desert (2021)

 

Nota: ★★★

Diretor: Dutch Marich
Roteiro: Dutch Marich
Elenco: Suziey Block, Eric Mencis, David Morales, Tonya Williams Ogden, Errol Porter.
Duração: 80 minutos
País: EUA

“Horror in the High Desert” é um filme independente de baixíssimo orçamento que transita entre o mockumentary e o found footage. Ao que parece, é o primeiro trabalho do roteirista e diretor Dutch Marich a ganhar um pouco de notoriedade dentro de sua filmografia – valendo a lembrança que, ao se falar de notoriedade, aqui, leia-se notoriedade entre pessoas do pequeno grupo de fãs de cinema de baixo orçamento e dos gêneros aos quais o filme pertence. No entanto, mesmo com esse pouco de notoriedade, ele ainda continua obscuro para a grande maioria e, mesmo não sendo perfeito, é eficiente e merece ser mais conhecido.

A história contada aqui se passa no estado de Nevada, nos Estados Unidos, e é sobre Gary Hinge (Eric Mences), um adepto das longas caminhadas na natureza e das técnicas de sobrevivência. Em 2017, Gary, em uma dessas longas caminhadas, acaba desaparecendo. Sem que os familiares tenham notícia, sua irmã, Beverly Hinge (Tonya Williams Ogden), aciona a polícia, e é então que toda uma investigação e busca são instauradas para encontrar o rapaz. Além da polícia, há também uma investigação paralela ocorrendo por parte de um investigador particular, também contratado por Beverly.

Aparentemente não admitido pelo diretor, a história de Gary pode ter sido inspirada num acontecimento real ocorrido no ano de 2014. Essa é a história de Kenny Veach, um também jovem aventureiro do estado de Nevada que costumava gravar vídeos contando sobre suas aventuras na natureza. Em uma dessas aventuras, Veach diz ter encontrado o que seria a mais misteriosa das coisas com as quais ele já se deparou, uma caverna cuja entrada tinha a forma perfeita de um M. O pior, porém, é que quanto mais perto ele se aproximava da caverna, segundo ele, mais seu corpo vibrava, o que o fez abandonar a ideia de adentrá-la, assim fugindo dali o mais rápido que pôde, apavorado. Seus seguidores, por outro lado, queriam que ele voltasse ao local e gravasse tudo que pudesse da caverna. Foi então que Veach resolveu voltar à aventura, só que dessa vez para nunca mais dar notícia. Até hoje ninguém sabe o que pode ter-lhe acontecido. Seu corpo jamais foi encontrado, o que só fez aumentar o número de teorias da conspiração que vão desde aliens até experimentos governamentais ultrassecretos.

O que aconteceu com Gary Hinge foi basicamente a mesma coisa, mas em vez de uma caverna, ele encontrou uma cabana velha de madeira. Essa cabana, aliás, muito estranha, chamou-lhe atenção nesse primeiro momento, porém ele não quis parar para averiguá-la com mais cautela por motivos tais quais a estranheza que ela passava. Também fazendo gravações de suas andanças pela redondeza, o rapaz chegou a gravar alguns vídeos nos quais ele relatava para seus seguidores o quão estranha e misteriosa era a cabana e também os acontecimentos estranhos pelos quais ele começou a passar partir de então. Por isso, estando completamente intrigado com tudo, mas principalmente com o que tinha encontrado, ele resolve voltar para fazer um registro detalhado do local para compartilhar em vídeo com as pessoas. É então que muitas coisas são reveladas.

Entre as entrevistas e as partes dos vídeos gravados pelo rapaz, muito suspense é desenvolvido pelos fatos que são aos poucos mostrados conforme vai seguindo a ordem da investigação feita principalmente pelo investigador particular. A história vai seguindo por rumos que faz o espectador pensar e desenvolver hipóteses sobre o que pode ter acontecido com Gary para, no final, descobrir a incômoda verdade por traz disso tudo. E isso é bom pois eleva bastante a atmosfera inquietante da obra, que encontra em seu clímax o ponto alto – que não seria alto se não fosse todo o desenvolvimento até ali. O found footage, portanto, se encontra no final da obra, quando toda a verdade é posta diante dos olhos dos curiosos espectadores.

Infelizmente nem tudo são flores. A atmosfera foi bem desenvolvida, assim como todo o suspense e tensão, porém o filme peca com alguns excessos. Na primeira parte, por exemplo, informações repetitivas advindas dos entrevistados poderiam ter sido filtradas com o intuito de diminuir o tamanho do longa e permitir uma melhor fluidez, assim como um ou outro momento desnecessário que também poderiam ter sido cortados, ou seja, o filme poderia ter sido mais enxuto. E sobre o clímax, há elementos que causam mais dúvidas – no sentido ruim da palavra – do que respostas, e isso acontece porque parece que o diretor ficou um pouco indeciso na hora de mostrar os fatos do que aconteceu com o rapaz ao público.

Dessa forma, “Horror in the High Desert” não se mostra como um dos grandes do gênero, mas mostra que é decente dentro do que se propõe e por isso vale muito ser visto. Lembrando que, para melhor apreciar a obra, é preciso gostar do gênero, mas não necessariamente ter um conhecimento prévio dele (do gênero cinematográfico) e também não se importar com desenvolvimento lento, pois este é de fato um filme que se desenrola devagar (e isso não é um demérito). O que não significa, vale ressaltar, que outros espectadores que são distantes quanto ao tipo de filme que foi feito aqui não possam gostar, que fique claro. 


 



 

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