terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Evils of the Night (1989)


Diretor: Mardi Rustam
Roteiro: Mardi Rustam, Philip Dennis Cannors
Elenco: Neville Brand, Aldo Ray, Tina Louise, John Carradine, Julie Newmar, Karrie Emerson, Bridget Holloman, David Hawk, G.T. Taylor, Keith Fisher, Tony O'Dell, Kelly Parsons.
Duração: 84 minutos
País: EUA

Os anos 80 foram solo fértil para muitos ótimos Slashers. Foi nos anos 80 que vieram continuações dos “Texas Chainsaw Massacre” (1974) e “Halloween” (1978), por exemplo. Filmes que viraram franquias e deram origens a uma infinidade de continuações, sendo algumas delas boas, outras ruins, e tantas outras perdidas no meio disso. Jason, ao contrario, já nasceu dentro dos próprios anos 80 com o “Friday the 13th” e também virou franquia com suas também inúmeras continuações. Não se pode esquecer também de Freddy, extremamente popular à época - até hoje, aliás. Bom, pode-se dizer que essa foi a década de ouro dos Slasher. Vale ressaltar, no entanto, que nem tudo que foi feito dentro do subgênero é digno de nota, e é aí que entra o “Evils of the Night” (1985), produção bem capenga, porém divertidíssima que mistura dois mundos, o dos já falados Slashers, e também da Ficção-Científica. 


O filme começa com uma nave alienígena pousando na floresta à noite. Enquanto isso alguns casais desavisados se divertem na redondeza, sem ter a mínima ideia do grande mal que os aguarda. Como todo Slasher que se preze, este não se difere muito dos outros quando o assunto é nudez e sacanagem. Aqui as coisas já começam com sexo. Um casal se encontra sob uma árvore e protagoniza a cena mais hilária de todo o filme. Enquanto fazem sexo, alguém, provavelmente relacionado à nave que acabou de pousar, chega e enforca o namorado, por detrás, com uma corda. A mulher, de quatro e tendo o que parece ser a melhor transa de sua vida, não percebe e continua a todo vapor. Ela só percebe que tem algo de errado quando, depois de alguns minutos, seu namorado já morto simplesmente para. Ela percebe o que está acontecendo, e é aí que ela parece ser capturada por esse alguém. Não muito distante dali, outro casal também se dá muito mal, ambos sendo capturados. 



Descobre-se em seguida que todos os capturados são levados a um hospital para terem suas plaquetas extraídas de seu sangue. Os extraterrestres que pousaram no local usam o hospital como uma base científica para esse fim. Liderados pelo Dr. Kozmar (interpretado por um John Carradine aparentemente precisando de dinheiro, pois só pode ser essa a explicação mais plausível para aceitar participar disso), a equipe é formada por mais quatro extraterrestres, todas mulheres, sendo duas cientistas, Dr. Zarma (Julie Newmar) e Cora (Tina Louise, que os fãs do gênero devem reconhecer por seu papel como Charmaine Wimpiris em “The Stepford Wives”, filme de Bryan Forbes, de 1975) que são responsáveis por extrair as plaquetas, e mais duas outras, que são responsáveis por levar as pessoas para dentro dos quartos, como se fossem enfermeiras e também vigias, ou coisa parecida (a propósito, todas as cenas com Carradine, Newmar e Louise foram filmadas dois anos antes, em 1983, em um único dia; agora saber por qual motivo isso aconteceu é um mistério). Todos eles possuem uma aparência humana que em nada lembra um extraterrestre. Um recurso muito usado, aliás, em produções cujo orçamento não permite maquiagens e efeitos especiais mais elaborados. No entanto, em termos de história, o roteiro não busca explicar por que eles possuem essa aparência humana, embora deveria ter explicado. Eles apenas a têm e fica por isso mesmo. Já a extração das plaquetas, por sua vez, é bem explicada. A injeção de plaquetas em seus corpos pode prolongar suas vidas em até mais de 200 anos. Como sua população tem envelhecido rápido e declinado por causa disso, acaba que a procura por jovens para esse fim se mostra bastante urgente. 



Enquanto isso, com relação ao casal capturado lá no comecinho e que foi levado ao hospital, o namorado ainda tenta escapar, mas é morto do lado de fora do hospital por meio de um raio verde que é disparado de um anel usado por uma das extraterrestres. Todos eles usam esse anel e, mais adiante, descobre-se que esse raio é chamado de poder supremo. É um raio muito potente e por isso não pode ser usado com muita frequência, caso contrário esses seres podem enfraquecer ainda mais. Por que isso acontece não é bem esclarecido.

Após tudo isso, um novo grupo de jovens é apresentado se divertindo num lago, sendo cinco deles os que serão acompanhados mais de perto durante a trama. O grupo é constituído pelos solteiros Brian (David Haw), Connie (G. T. Taylor) e Heather (Bridget Holloman), e pelo casal Nancy (Karrie Emerson, que os fãs a reconhecerão como a Linda Stanton de “Chopping Mall”, de 1986) e Ron (Keith Fisher). Um outro casal aleatório também é apresentado, mas não possui relevância alguma para a trama. Após estes dois serem apresentados no lago durante a tarde, eles voltam a aparecer novamente à noite arrombando a porta de uma casa abandonada para transarem lá dentro. No meio do ato, eles escutam um som estranho dentro da casa, e então o namorado resolve parar tudo para checar (pra variar, afinal de contas é uma regra isso, ao que parece!), mas por incrível que pareça, ele não morre, nem se fere, nem nada. Nenhum dos dois morre, aliás. Eles resolvem sair do local para nunca mais darem as caras. São dois dos personagens mais aleatórios e sem relevância já mostrados em um filme.



O foco, agora, volta a ser do grupo principal. Como já é tarde estão todos se aprontando para dormir, com os três solteiros se ajeitando perto do lago, e o casal, Ron e Nancy, se afastando dali - pois resolveram se divertir mais um pouco, se é que me entende -, para terem privacidade. O que acontece então é a coisa mais óbvia: os dois acabam sendo sequestrados. Nancy é levada de prontidão para dentro do hospital, já Ron tenta fugir, mas a fuga acaba se mostrando inócua, pois mesmo lutando ele é parado por um dos capangas (que não demorarão a ser apresentados na história) com uma pancada na cabeça. No dia seguinte, ao notar o desaparecimento dos dois, os que restaram saem à procura.  Com o carro resolvem ir à cidadezinha mais próxima e param, por pura conveniência e obviedade, na oficina onde trabalham os capangas Kurt (Neville Brand) e Fred (Aldo Ray), que sequestraram não somente seus amigos, mas todos os outros jovens desaparecidos. Como os dois já estavam à espreita durante a noite, eles sabiam que o casal que eles sequestraram tinha confidenciado aos seus amigos seus planos de fugirem para se casarem; a ideia deles seria ir embora naquele exato momento da noite. Ir embora e não olhar para trás. Portanto o que acontece é que essa história do casamento é justamente a informação dada pelos dois na oficina. É dito que o casal passou ali por perto para pedir informações, pois estavam indo se casar. Os três, desapontados por pensarem que foram abandonados, voltam ao lago para aproveitar o que lhes reta.  
 


O que não é espanto para ninguém é o fato de que os três que sobraram também acabam sequestrados. Primeiro, as meninas, que tentam fugir e lutar, mas acabam presas na oficina dos capangas no final das contas. Em segundo lugar, Brian, que acaba sendo sequestrado e levado para o mesmo lugar. É nesse cenário que acontece algumas das sequências mais estranhas, no pior sentido da palavra. Connie consegue soltar a si mesma das amarras, mas não seus amigos, como já era de se esperar de um filme como este. Como último recurso, ela tenta acertar um dos capangas com um bastão de ferro, mas, pra variar, falha, o que acaba acarretando sua morte violenta por meio de uma furadeira elétrica (bela morte, a propósito). Heather, ao contrário, consegue lutar e matar o vilão, após quase ser estuprada momentos antes. Antes de desamarrar Brian, porém, o outro capanga chega e a persegue. Brian acaba se libertando sozinho pouco tempo depois. 


Enquanto tudo isso acontece, Nancy escapa do hospital, após ver seu namorado morto (ele não aguentou as inúmeras extrações de sangue), e é quem salva Heather do capanga que restou. O surpreendente disso tudo, no bom sentido agora, é que Nancy, a garota que parecia ser uma das protagonistas, acaba morrendo da forma mais cruel: ela é assassinada friamente a machadas por um vilão enfurecido pela morte de seu amigo e com sangue nos olhos de ira. Ressaltando, isso tudo é positivamente surpreendente porque o filme dá a entender que ela seria uma das sobreviventes, no entanto o final de sua história acaba com essa bem-vinda reviravolta. Enquanto tudo isso acontece, Dr. Kozmar e o resto decidem partir com urgência do planeta. Uma partida que refletirá no final da jornada de terror dos poucos que ainda sobrevivem.

Para encerrar a trama, então, Brian, que há pouco se soltou das cordas, salva Heather de ter seu fim parecido com a da amiga morta a machadadas. Retirando o machado da mão do capanga bem no momento em que este ia desferir o golpe, os dois lutam até o vilão ser enfim morto pelo poder supremo que é imprevisivelmente desferido nele a partir da nave extraterrestre que está de partida. Após problemas no hospital e a urgência de levar as plaquetas para o planeta deles, eles precisavam partir dali o mais rápido possível caso contrário eles poderiam morrer ali mesmo na Terra. Curioso é o motivo que levou os extraterrestres a matarem o último capanga. Na verdade não chega a ser tão curioso assim, visto que os dois se mostraram extremamente ineficientes durante todo o filme. 

 

 


Assim, o filme não entrega absolutamente nada demais. Na verdade nada mesmo. Começa regado a peitos e sacanagem, o que se restringe apenas a esse começo mesmo, e depois a nudez simplesmente acaba. Mais adiante algumas garotas correm de calcinha para lá e para cá de vez em quando, porém usando camisa, não passando disso. Aliás, falando em peitos, duas atrizes pornôs foram convidadas a atuarem no filme pelo motivo de que estava difícil para o diretor encontrar atrizes de cinema dispostas a aparecerem nuas. A atriz pornô Crystal Breeze aparece totalmente nua numa cena da floresta no começo, já a atriz pornô Jody Swafford aparece fazendo topless com a atriz Traci Escobar (que nada tem a ver com o narcotraficante colombiano) enquanto uma esfrega protetor solar no corpo da outra. Escobar era amiga de Swafford e aceitou participar do filme por causa dessa amizade, e também por achar interessante participar do que seria sua primeira aparição no cinema. Primeira e única, aliás. 
 
 
 


Inspirado no filme “The Day the Earth Stood Still” (1951), como declarou o próprio diretor, é evidente que aqui as coisas não funcionaram bem. Muita coisa ficou comprometida por causa da precariedade da produção e baixo orçamento. As cenas de perseguição não convencem, assim como as de embate também não. As mortes, por causa do orçamento minguado, são todas off screen, com exceção de uma ou outra que aparece timidamente na tela. No entanto, é uma diversão esse filme, porque muito disso acaba se tornando humor involuntário, e de boa qualidade. É uma típica excelente podreira dos anos oitenta. Assim dito, esse filme é uma espécie de gosto adquirido. Mergulhe fundo apenas se for fã de filmes assim, pobres e obscuros. Se for o caso, o prato vem cheio.


 

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