quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Gwen (2018)



Diretor: William McGregor.
Roteirista: William McGregor.
Elenco: Eleanor Worthington-Cox, Maxine Peake, Richard Harrington, Mark Lewis Jones, Kobna Holdbrook-Smith, Richard Elfyn, Gwion Glyn, Jodie Innes.
Gênero: Drama/Horror.
País: Reino Unido. 


Primeiro projeto para o cinema do diretor e roteirista inglês William McGregor, “Gwen” é um filme de baixo orçamento (estimado em dois milhões de dólares) que conta a história da personagem homônima e sua família, sua irmã caçula Mari (Jodie Innes) e a matriarca Elen (Maxine Peake), que vivem sozinhas durante a revolução industrial numa casa isolada nas montanhas de Gales, na região rural do país, enquanto o marido e figura paterna não retorna da guerra.  A família vive momentos turbulentos enquanto pragas assolam a região, além da pressão exercida pelo dono de uma pedreira, que está em vias de expansão até aquela região, para que lhe vendam a casa.

O filme já dita o ritmo logo nos primeiros momentos, com o diretor estreante comandando a câmera com movimentos lentos que convidativa e cuidadosamente caminham entre os cenários, sugestivamente mostrando apenas o necessário de modo que contribua para que o espectador colha as informações necessárias para montar o quebra-cabeça, de uma maneira que lá no terceiro ato seja recompensado com o que de fato está acontecendo naquele meio. O suspense crescente se deve muito a isso e é reforçado com o fato de que a trama acontece sob o ponto de vista da jovem. Assim, é interessante notar o cuidado que o diretor e roteirista tem de mostrar apenas o que a garota consegue ver e ouvir dentro daquele meio em que está inserida, como por exemplo no momento em que a mãe conversa com um homem, na saída da igreja, e o espectador apenas consegue ouvir a conversa enquanto a garota ainda está por perto. Conforme ela se afasta e consequentemente não consegue mais ouvi-los, o espectador também não os ouve. Ela dá as costas e lentamente sai de perto enquanto a imagem dos dois conversando na porta da igreja ligeiramente se desfoca e sai do ângulo da câmera. Isso tudo ajuda no desenvolvimento do tom enigmático da história, pois são momentos importantes da trama que poderiam dar informações cruciais sobre o que está acontecendo, mas não dá por causa da acertada escolha narrativa de mostrar os acontecimentos sob a ótica da filha e não da mãe.

As informações dadas pelo roteiro, aliás, são sutilmente discretas e variam desde informações básicas dentro da própria história, como quando alguém é acusado de roubar um remédio, e isso acaba acarretando algumas ações esclarecedoras dentro da trama, à linguagem utilizada, quando, por sua vez, ao mostrar uma imagem distorcida e desfocada através do vidro, ajuda a mostrar o possível desencadeador daqueles eventos, embora ainda não se saiba como e por quê. O maior pecado, no entanto, é um ou outro momento desnecessariamente expositivo que, assim como um jumpscare, que embora efetivo, destoa daquilo que tinha sido construído até ali. Na verdade o terceiro ato quase todo assume um tom mais esclarecedor, deixando de lado a sugestividade para dar lugar às informações mais claras para não deixar dúvidas sobre o que está ocorrendo dentro daquela família. O tom atmosférico criado pelos movimentos lentos de câmera, por outro lado, são corroborados pela trilha sonora lenta e pesada igualmente atmosférica que também ajuda na criação da tensão, passando sempre a sensação de perigo. O fato de a trilha estar sempre presente ajuda a passar a ideia de um perigo iminente, colaborando com o senso de alerta, mostrando-se como um grande acerto.

Por fim, o terceiro ato se encerra de forma extremamente pessimista ao mostrar aonde de fato reside o verdadeiro horror. É um horror palpável do qual não se pode escapar, é implacável e violento, especialmente violento contra aqueles mais fracos que não podem ou conseguem abrir mão daquilo que possuem. E a trajetória da jovem Gwen e sua mãe demonstra bem isso tudo.




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