sábado, 11 de julho de 2020

The Shed (2019)



Diretor: Frank Sabatella
Roteirista: Frank Sabatella
Elenco: Jay Jay Warren, Cody Kostro, Sofia Happonen, Frank Whaley, Timothy Bottoms, Siobhan Fallon Hogan, Chris Petrovski, Francisco Burgos, Uly Schlesinger, Mu-Shaka Benson, Drew Moore, Caroline Duncan, Sal Rendino (...).
Gênero: Terror
Ano: 2019
País: Estados Unidos

Após uma sessão extremamente divertida com “Haunt” (2019) na noite anterior, pensei em pesquisar por outros filmes de baixo orçamento que pudessem ser tão divertidos quanto. Filmes descerebrados cujo valor de entretenimento pudessem fazer valer uma hora e meia ou uma hora e quarenta de diversão. Eis que na busca por algo assim me deparo com o que a princípio me pareceu interessante: “The Shed” (2019), segundo filme de Frank Sabatella (o primeiro é o “Blood Night: The Legend of Mary Hatchet”, de 2009) que traz como premissa um vampiro preso num pequeno galpão no quintal da casa onde vivem Stan (Jay Jay Warren) e seu avô abusivo e violento Ellis (Timothy Bottoms).

Stan é um jovem problemático que durante alguns anos de sua vida viveu em instituições comandadas pelo estado. Aparentemente, sem conseguir lidar com a perda precoce de seus pais, o garoto acabou optando por trilhar um caminho longe das amarras da lei, que por consequência o acabou colocando nesses lugares. Lidar com um avô extremamente violento, e posteriormente com o vampiro preso no galpão, é sua única alternativa para não mais voltar a lidar com as autoridades dessas instituições.  A única boa companhia que tem em sua vida miserável é a de seu melhor amigo Dommer (Cody Kostro), um nerd solitário cujo qual Stan gasta boa parte de seu tempo defendendo dos valentões. Já Roxy (Sofia Happonen) é a garota por quem é apaixonado, mas que namora justamente o líder dos valentões.

Sabatella tenta conferir profundidade à história através de metáforas sobre o bullying, mas acaba fracassando, pois nada do que se vê em tela tem seu devido desenvolvimento. O que se sabe sobre qualquer um dos personagens é muito pouco ou quase nada. Sabe-se, por exemplo, que Stan e Roxy eram amigos próximos no passado e que tal amizade se desfez na adolescência, mas nada além disso tem continuidade no desenrolar da trama. Dommer, por sua vez, é um completo enigma. Não há informação alguma sobre ele, sobre seu passado, sobre sua família etc., a não ser aquela que se vê acontecendo em cena, que são os problemas com os valentões apenas. Sua relação com o vampiro, aliás, tem papel fundamental nesse paralelo traçado pelo diretor quanto às pessoas que sofrem nas mãos de outros alunos na escola, mas não causa impacto pois, além da falta de sutilezas, não há progresso sobre o assunto ao longo da história. O vampiro é visto por Dommer como uma porta de saída de uma vida estudantil miserável e sofrida. Ele enlouquece aos poucos ao ponto de querer dar um fim aos seus algozes utilizando o ser sugador de sangue.  Stan, enquanto tenta resolver o problema de ter um vampiro no galpão de sua casa, tenta mediar a situação de modo a não deixar que seu melhor amigo perca a cabeça.

O que podia ter sido um filme interessante e divertido sobre o tema acaba então desperdiçado por um roteiro que parece ter sido remendado com situações e propostas que não se sustentam. Cenas que se alongam demais não deixam as coisas acontecerem naturalmente e o que acontece é pobremente desenvolvido, fazendo com que a curta duração de 98 minutos pareça uma eternidade. As ações dos personagens são questionáveis – o terceiro ato que o diga – e o fato de serem completos estranhos para o público não os ajudam a se tornar interessantes. Aliás, o que eles são é o oposto disso. Com relação ao vampiro, sua força sobre-humana fica clara desde o início ao destroçar um dos personagens que ousa adentrar o galpão e também ao destruir com facilidade parte da porta do mesmo. O que não fica claro, por exemplo, são os motivos pelos quais ele não destrói tudo durante a noite e foge, por exemplo. E advinha? O roteiro não tem uma resposta para isso também, assim como não tem para metade das coisas que acontecem.

Então algumas pessoas podem se perguntar: é preciso tanto requisito assim para que um filme de baixo orçamento renda alguma diversão? Simples, desenvolvimento aprofundado em filme de terror decerebrado pode não ser um dos principais requisitos - e de fato não o é - quando o gore (principalmente, mas não necessariamente, quando vem aliado a boas doses de nudez e sacanagem), por exemplo, é excelente, mas infelizmente também não é o que acontece aqui. Está mais para um filme adolescente sem sal com pretensões de passar uma mensagem importante que acaba presa dentro de suas inúmeras limitações. Para que uma boa mensagem seja passada, é necessário que ela se valha de um bom desenvolvimento de suas premissas, caso contrário se torna inócua e irrelevante. Não funciona. Não chega nem perto de funcionar.

No final, a sensação é a de tempo perdido. Tinha potencial para ser um divertido filme de vampiro com questões importantes que rondam o mundo adolescente, mas acaba desperdiçado em meio a diálogos expositivos de um roteiro preguiçoso que insiste em cenas desnecessárias, dentre as quais, por exemplo, as de sonhos dentro de sonhos que simplesmente não funcionam e só causam vergonha alheia por tamanha ineficiência, subestimando inclusive a inteligência do espectador ao tentar incitar um susto que nunca vem. Acho que tudo isso explica os motivos pelos quais Sabatella demorou dez anos para conseguir filmar este seu segundo filme. Ainda não foi dessa vez, infelizmente.

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