terça-feira, 22 de abril de 2025

Sessão Dupla: Sicario: Terra de Ninguém (2015) e Victoria (2015)

 

Resgatando um texto escrito em 2015, após uma sessão dupla que fiz com dois dos filmes que eu mais aguardava ansiosamente na época. O primeiro, pelo fato de o diretor ser um dos meus preferidos; o segundo, pelo curioso detalhe de ter sido inteiramente gravado em um único plano-sequência. Aliás, talvez eu inaugure aqui uma nova categoria no blog, quem sabe. Enfim, o texto original: 

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Sicario (2015) – Denis Villeneuve
Victoria (2015) – Sebastian Schipper

A dobradinha de hoje não poderia ser mais sombria, pessimista e melancólica. O segundo talvez nem tanto assim, mas o primeiro...!

"Sicario" era um dos filmes mais aguardados por mim. Depois de "Os Suspeitos" (2013) e "Enemy" (2013), minhas expectativas para o novo trabalho do canadense Villeneuve eram altíssimas – e com razão. Com um tom profundamente fúnebre, o filme acompanha os personagens de Josh Brolin, Benicio Del Toro e Emily Blunt em um desenvolvimento magistral de personagem, com características marcantes e muito pessoais atribuídas a cada um deles.

Emily Blunt é o nosso ponto de entrada no enredo – é por meio de sua personagem que acompanhamos praticamente toda a narrativa. Ela se voluntaria a integrar um grupo encarregado de uma operação na fronteira entre os EUA e o México, mas, assim como nós, sabe pouco (ou quase nada) sobre o que está realmente acontecendo. A verdade por trás da missão só vai sendo revelada aos poucos, à medida que o filme avança.

Há duas cenas que devem deixar qualquer espectador de queixo caído: a do engarrafamento e a cena final. Villeneuve conduz o filme com uma tensão quase digna de um terror – muito por conta da trilha sonora pesadíssima –, e não poupa o espectador da brutalidade e da realidade por trás do tema: o narcotráfico, os cartéis, a podridão do sistema... É um filme extremamente violento, mas nunca gratuito. Na minha opinião, não fica devendo em nada aos trabalhos anteriores do diretor – talvez seja até o seu melhor.

"Victoria", por outro lado, é fruto de uma ideia ousadíssima, que tinha tudo pra dar muito errado... ou muito certo. E o resultado, pra mim, foi brilhante – não só deu muito certo como o colocou entre os melhores do ano, talvez até dos últimos anos.

Acompanhamos Victoria, a personagem-título, que vive há pouco tempo em Berlim, aparentemente ainda sem amigos. Ao sair de uma festa, ela conhece quatro caras que a levam para uma jornada completamente insana e inesperada. O filme é também magistralmente dirigido – as quase duas horas e vinte passam voando.

A câmera percorre vários pontos de Berlim, sem se prender a um único cenário. Acompanhamos os personagens por prédios, ruas, carros, por um centro urbano (ou o que parece ser o centro), tudo com uma fluidez e inspiração impressionantes.

Há momentos em que parece que o filme poderia acabar ali, naquele momento específico – e até poderia mesmo, sem problema –, mas o diretor decide prolongar esses trechos com decisões que não são nada gratuitas: ele vai intensificando o enredo com situações cada vez mais tensas e intrigantes, que se revelam essenciais até o desfecho. Quando os créditos finais sobem, portanto, fica aquela sensação de que, se tivesse mais uma hora, continuaria assistindo sem problema.

Ouvi de uma pessoa hoje que os primeiros diálogos pareceram "meio banais". Particularmente, acho que não poderiam ser muito diferentes, considerando as circunstâncias dos personagens e todo o contexto em que estão inseridos.

Não costumo fazer listas de "melhores do ano" – pura preguiça mesmo –, mas se fizesse, esses dois entrariam facilmente.

 

Texto escrito em 2015

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