sábado, 29 de março de 2025

O Macaco (The Monkey, 2025)

 

Nota: ★★★

Diretor: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins, Stephen King
Elenco: Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O'Brien, Elijah Wood, Rohan Campbell, Sarah Levy, Osgood Perkins...
Gênero: Terror, Comédia
Duração: 1 h 38 min
País: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá

A história, inspirada no conto homônimo de Stephen King, originalmente publicada na antologia "Tripulação de Esqueletos" em 1980, segue os irmãos Bill e Hal, que encontram um brinquedo bastante peculiar no sótão de sua casa. O brinquedo, um macaco segurando um tambor, que antes pertencera ao seu pai, esconde uma terrível maldição: sempre que seus tambores são tocados, uma pessoa é escolhida para morrer, de forma violenta e bizarra. Após algumas mortes ocorridas desde o achado do brinquedo, os irmãos resolvem livrar-se dele. No entanto, décadas depois, o macaco retorna, desencadeando uma nova onda de assassinatos, e os irmãos, agora distantes um do outro, se veem forçados a se reunirem para combater o brinquedo amaldiçoado e encontrar uma forma definitiva de destruí-lo. 

Dirigido e escrito por Osgood Perkins, "O Macaco" segue uma direção completamente diferente de seus trabalhos anteriores, e mais distante ainda de seu último e melhor filme, “Longlegs - Vínculo Mortal” (2024). O filme opta por um estilo menos intimista, menos minimalista, com ritmo mais rápido e, talvez, mais dinâmico. As qualidades do longa envolvem a criatividade do diretor e roteirista (vale mencionar que Stephen King coescreveu o roteiro) na criação das mortes e da estética visual, que explora cenários escuros, os quais contribuem para o desenvolvimento das incertezas em torno do brinquedo e de como os irmãos irão lidar com a maldição.

Por outro lado, o roteiro recorre a soluções fáceis para problemas complexos e insere temas espinhosos, como relações familiares disfuncionais e perdas, sem se aprofundar em nenhum deles, mantendo-se na superfície durante toda a duração do longa, sem oferecer explicações mínimas e razoáveis sobre alguns dos temas que aborda. Inconsistências e falta de coesão também estão presentes, principalmente nas questões envolvendo o retorno do brinquedo e os motivos por trás disso, mesmo após décadas, além da relação de um dos irmãos, já adulto, com seu filho.

"O Macaco", portanto, exige certo esforço do espectador, visto que o roteiro não se empenha, por exemplo, em entregar coesão. Ainda assim, as mortes são divertidas e a história, intrigante. O elenco está bem, e há bastante diversão em meio a um humor negro bem desenvolvido. Sem contar que pode servir como incentivo para aqueles que ainda não conhecem bem a obra do mestre a buscar por ela, talvez através deste conto ou da antologia completa na qual ele se insere.

 

(Textos Curtos - Algumas Considerações)   

 


sexta-feira, 21 de março de 2025

Último Suspiro (Last Breath, 2025)



Nota: ★★★

Diretor: Alex Parkinson
Roteiro: Mitchell LaFortune, Alex Parkinson, David Brooks
Elenco: Woody Harrelson, Simu Liu, Finn Cole, Cliff Curtis, Mark Bonnar, MyAnna Buring, Josef Altin, Bobby Rainsbury...
Gênero: Drama, Suspense, Aventura
Duração: 1 h 33 min
País: Estados Unidos, Reino Unido

Mergulhadores de saturação são profissionais cujo trabalho é considerado um dos mais perigosos do mundo. Esses mergulhadores precisam permanecer em câmaras hiperbáricas, onde ficam por dias respirando oxigênio puro, sendo pressurizadas por esse oxigênio ou por ar comprimido. Esse processo permite que o corpo se adapte a grandes pressões no fundo do mar e também facilita a despressurização para que os mergulhadores possam retornar à superfície. Em 2012, o mergulhador escocês Chris Lemons passou pelo pior pesadelo que um profissional da área poderia passar, e teve sua incrível história contada no documentário de 2019, que mostra tudo o que aconteceu desde antes da sua descida até o seu resgate. Ele ficou a quase 100 metros de profundidade, em alto-mar, sem oxigênio por 30 minutos, após um problema que resultou na perda de comunicação com a superfície. Esse incidente fez com que ele se desprendesse e ficasse perdido no fundo do mar. Com muita luta e persistência de todos, inclusive de Chris, ele foi resgatado após 30 minutos sem oxigênio. A história se torna ainda mais impressionante, pois, mesmo após tudo isso, o mergulhador não sofreu danos físicos ou mentais.

A história é contada por Alex Parkinson, o mesmo diretor do documentário, e busca mostrar, em detalhes, as minúcias do resgate e toda a situação desesperadora pela qual o mergulhador passou, além dos esforços feitos pela equipe para resgatá-lo. O elenco conta com estrelas como Woody Harrelson, que interpreta o experiente Duncan Allock, amigo de Chris e um dos líderes da equipe. O outro parceiro é Dave Yuasa, interpretado por Simu Liu. Fica evidente, desde os primeiros minutos, o quão unido é esse trio e o quão importante é esse trabalho para eles. Eles, mais do que ninguém, sabem dos riscos, e justamente por isso trabalham de modo a sempre dar suporte um para o outro, com atenção máxima o tempo todo, como tem de ser. Assim, quando ocorre o problema e Chris se perde dos demais, a angústia toma conta por alguns fatores, sendo alguns deles: primeiro, o impacto causado na equipe e os esforços que todos fazem para resgatá-lo. Mesmo sabendo que já se passou tempo demais sem oxigênio, eles não perdem a esperança, e esse impacto é mérito tanto das atuações (que, embora não sejam brilhantes, são satisfatórias) dos mergulhadores quanto das pessoas no navio, na superfície. Segundo, Chris passa muito tempo no fundo do oceano, no escuro total, perdido e sem saber exatamente para onde ir. Um sinalizador o ajuda a se guiar naquela imensidão, e, mesmo o espectador sabendo do desfecho (afinal, é uma história muito bem documentada na internet e nos jornais), é angustiante e aflitivo.

Por meio de perspectivas que reforçam a profundidade do local e a gravidade do problema, o diretor consegue, então, neste segundo ato, transmitir a sensação de claustrofobia e nictofobia que, muito provavelmente, os mergulhadores sentiram enquanto estavam presos no fundo do oceano, em meio à escuridão total. Infelizmente, há também problemas recorrentes ao longo da obra, a maioria relacionada à falta de profundidade e inspiração do roteiro, com alguns diálogos que deixam a desejar, por exemplo. Em termos de desenvolvimento, o primeiro e o terceiro atos são os mais problemáticos. O primeiro, falha ao tentar criar um vínculo entre o mergulhador e o espectador por meio de seu relacionamento com a esposa, que se mostra preocupada com a segurança do marido, mas não se aprofunda para além disso. Não há informações adicionais sobre a vida a dois do casal, não havendo, propriamente, desenvolvimento neste primeiro ato, que se resume a apenas apresentar o personagem, sem mais. Não há um elo firme que estabeleça profundidade ao personagem, já que o pouco tempo de tela nesse primeiro momento prejudica, assim como o roteiro monótono, que não varia cenários e muito menos aprofunda os momentos entre os dois antes da viagem para o embarque. O terceiro ato, por sua vez, segue a mesma linha, apresentando inclusive uma cena insossa e absolutamente sem inspiração entre os dois. A trilha sonora também peca ao exagerar ao intercalar tons heroicos e melodramáticos. Dito isso, é o miolo do filme que o sustenta, com cenas que, embora não sejam brilhantes, entregam angústia, aflição e inquietação na medida certa.

 

(Textos Curtos - Algumas Considerações)  

 

Sessão Dupla: Os Goonies (1985) e Conta Comigo (1986)

      Os Goonies (The Goonies, 1985) – Richard Donner Conta Comigo (Stand by Me, 1986) – Rob Reiner Dentre as várias combinações possíveis...