sábado, 17 de fevereiro de 2018

A Noiva do Gorila (Bride of the Gorilla, 1951)






Diretor: Curt Siodmak
Roteiro: Curt Siodmak
Elenco: Barbara Payton, Lon Chaney Jr., Raymond Burr, Tom Conway, Paul Cavanagh, Gisela Werbisek, Carol Varga, Paul Maxey, Woody Strode, Martin Garralaga, Felippa Rock, Moyna MacGill.
Gênero: Terror
Duração: 70 minutos
País: Estados Unidos

Lon Chaney Jr. é um desses grandes ícones do cinema de horror. Muito conhecido pela excelente performance como Larry Talbot no filme “O Lobisomem”, de 1941, de George Waggner. Um dos melhores (e particularmente o meu favorito) e mais icônicos filmes de lobisomens já feitos. Além deste, Chaney voltou a interpretar o personagem em outros filmes da Universal nos anos seguintes, nos filmes “Frankenstein Encontra o Lobisomem” (1943), “A Mansão de Frankenstein” (1944), “O Retiro de Drácula” (1945) e no divertidíssimo “Abbott e Costello às Voltas com Fantasmas” (1948). É um dos grandes nomes ao lado de Bela Lugosi, Boris Karloff, Peter Cushing, Christopher Lee e os muitos outros. Com uma filmografia com cerca de 197 filmes, claro que ali no meio apareceriam alguns ruins e papeis também não tão interessantes. É o caso deste “Bride of the Gorilla” (1951), que tem uma ideia e tanto, mas um desenvolvimento limitado por causa do orçamento.



Um dos personagens centrais aqui é Barney Chavez (interpretado por Raymond Burr), que trabalha numa plantação em algum país da América do Sul, na Floresta Amazônica. Após alguns problemas na plantação, alguns ocorridos talvez pela displicência de Chavez (como quando há um acidente onde uma pessoa morre e as outras ficam feridas, tudo porque ele não estava no local para auxiliar os outros trabalhadores), faz com que seja mandado embora pelo seu chefe Klaas Van Gelder (Paul Cavanagh). Apesar de tudo, Chavez é apaixonado por Dina (Barbara Payton), esposa de Klaas, no entanto para tê-la, algumas medidas drásticas teriam de ser tomadas. É então que ele comete seu maior erro. Cego pela raiva por ter sido mandado embora e também por sua paixão por Dina, acaba matando Klaas. O que ele não esperava, naquele momento, é que aquilo se tornaria sua ruína. Uma bruxa nativa chamada Al-Long (Gisela Werbisek) presencia o ocorrido e aproveita a chance para lançar uma maldição em Chavez. Essa maldição viria a transformá-lo em gorila.

Bom, e onde entra Lon Chaney Jr. nisso tudo? Ele interpreta o chefe de polícia local Taro, um homem que há muito estudou fora, possui algum conhecimento científico, mas se mantem divido entre suas crenças. Apesar de não ser um papel que exija muito do ator, no entanto Chaney consegue extrair o máximo que pode do que lhe foi dado, entregando boas atuações num papel até interessante. Ele é o responsável por investigar a morte do senhor da fazenda contribuindo com algumas descobertas importantes ao longo da trama. 

 

A ideia é boa, mas o limitadíssimo orçamento impediu o diretor e roteirista, Curt Siodmak, de trabalhar algumas cenas onde seriam necessários bons efeitos e maquiagem. Por exemplo, no início o suspense criado em torno da criatura funciona. O espectador fica curioso para saber como são suas características físicas, sua aparência. Isso contribui para prender a atenção, no entanto tudo isso é jogado fora a partir do momento que o suspense se prolonga de tal maneira que passa a tornar-se enfadonho. Chega num ponto no qual esse prolongamento é tamanho que acaba por fazer com que se perca o interesse. Aliás, o monstro mesmo nunca é visto de corpo inteiro. Aparece durante poucos segundos, de relance, no final do filme, numa das últimas cenas.

Mas tudo bem. O monstro não é tudo, certo? O que dizer da trama e as atuações então? A verdade é que há muito pouco para manter-se envolvido também. Praticamente todas as ações acontecem em off-screen, ou seja, não se vê nada do que acontece de fato. Isso, como mencionado acima, é por causa do orçamento que não permitiu que se trabalhasse com bons efeitos e maquiagem. Então o filme, apesar de curto, desenvolve-se por meio de diálogos e situações que não soam tão atraentes assim, uma vez que apenas isso não é o suficiente para que um filme assumidamente b possa caminhar por si mesmo. As atuações, por outro lado, são decentes. Com Lon Chaney Jr. entregando um personagem realmente disposto a ajudar a solucionar o crime, e um Raymond Burr com seu olhar sinistro e compenetrado, de quem parece guardar terríveis segredos. Barbara Payton também entrega uma atuação bastante boa, assim como o resto do elenco que não compromete. 



Interessante constatar que o filme foi inteiramente filmado em sete dias, o que também pode ter contribuído – vai saber – com o resultado final insatisfatório. A princípio o diretor tinha estudado a possibilidade de trocar os papeis de Raymond Burr e Lon Chaney Jr. (O que seria bastante interessante de se ver, afinal de um homem que se transformava em lobisomem, neste filme ele passaria a se transformar em gorila. Olha que interessante essa alusão!), mas acabou desistindo da ideia por causa da aparência já mais envelhecida de Chaney.

Barbara Payton também foi responsável por protagonizar alguns inusitados episódios fora das filmagens. A atriz nunca foi conhecida por ser fiel a seus maridos, possuindo uma má reputação por estar sempre envolvida em relações de traição. Havia boatos de que dormia com todo produtor e pessoas relacionadas que tivesse a oportunidade. Muitos desses boatos eram falsos, no entanto. Seu marido atual, Franchot Tone, descobriu que Barbara teve um caso com dois atores do elenco, Tom Conway e Woody Strode. Dando início a uma grande polêmica envolvendo a produção do filme além de somar mais uma para sua coleção pessoal. 

 

No fim, “Bride of the Gorilla” tornou-se um clássico cult. Portanto se não vale a pena vê-lo pelo que é realmente, com certeza vai valer pelas curiosidades. Afinal, quem não gostaria de ver um “filme de lobisomem” cuja criatura, ao invés de ser um homem amaldiçoado que se transforma nesse bicho uivante, transforma-se em gorila? Mesmo apesar dos pensares?  


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