Diretor: Robert Scott
Roteirista: Robert Scott
Gênero:
Horror
Duração: 90
minutos
País:
Estados Unidos
Algumas décadas atrás, mais especificamente no ano de
1932, Victor Halperin lançava seu filme “Zumbi, A Legião dos Mortos” (“White
Zombie”), estrelado pela lenda Bela Lugosi e que conta a história de Legendre
(interpretado por Lugosi), um homem que transformava pessoas mortas em escravas trabalhadoras zumbis, no Haiti, com o uso
de uma poção. Foi a primeira obra sobre zumbis feita, no entanto não sobre os zumbis
tais como os conhecemos hoje em dia, putrefatos e comedores vorazes de carne
humana. A primeira obra, neste sentido, foi criada pelo mestre George A. Romero
(infelizmente falecido em julho de 2017). Considerado o pai dos zumbis, Romero
criou sua seminal obra sobre os mortos-vivos comedores de carne humana no ano
de 1968, sendo responsável por criar
todo um subgênero com suas regras e particularidades que viriam a ser um
divisor de águas dentro do horror, transformando-se numa obra exaustivamente copiada e homenageada
até os dias de hoje. Se você mora numa caverna e não sabe do que estou falando, esse filme é o icônico “A Noite dos Mortos-Vivos” (“Night
of the Living Dead”).
Desde então vários filmes muito legais têm sido feitos,
inclusive um remake, em 1990, dirigido por Tom Savini – amigo íntimo de Romero
e também responsável pela maquiagem do filme de 68. Foi seu primeiro e único
longa metragem, pelo menos até então. Por outro lado alguns filmes muito ruins
também têm sido feitos. “A TV dos Mortos-Vivos” (“The Video Dead”, 1987) é um
deles. Este, aliás, difere por ser um filme b abertamente escrachado, com péssimas
atuações, efeitos e maquiagem das piores categorias, o que o torna divertido de ser visto.
A história começa com Henry Jordan (Michael St. Michaels)
recebendo um pacote da empresa de entregas Hi-Lite. Ele não sabe o que traz pacote, pois não foi ele quem o pediu, no entanto os entregadores dizem
que, querendo ou não, o produto precisa ser entregue, afinal já foi pago pelo
remetente e tudo o mais. Então desempacota o produto para descobrir que é uma
televisão. O que ele não sabe, mas vai descobrir logo, é que não é uma
televisão qualquer. Após desempacotá-la, ela passa a ligar sozinha e a
transmitir um filme de terror sobre mortos-vivos. Não importa quantas vezes
Jordan a desligue, ela continuará ligando sozinha e passando esse mesmo filme.
No dia seguinte os entregadores voltam a casa para buscar o produto, pois
percebem que fizeram confusão na hora da entrega. Era para a TV ter ido noutro lugar. Acontece que, ao chegar a casa, os entregadores veem o homem
morto. A TV amaldiçoada é uma espécie de portal, ou algo parecido, através do qual os
mortos do filme atravessam e matam.
Corta para três meses depois, para o espectador descubrir
que a casa, que até pouco tempo estava à venda, foi comprada pelos pais - que naquele momento estão a negócios no Oriente Médio - de Jeff
(Rocky Duvall) e sua irmã mais velha Zoe Blair (Roxanna Augesen), por isso os dois encontram-se sozinhos na casa, ficando a cargo de colocar as coisas
em ordem, limpá-la etc. Este, aliás, foi o primeiro e
último trabalho para o cinema da dupla, vale mencionar. Não há muita informação na internet
sobre os dois e sobre o motivo que os levou a abandonar a carreira no cinema, no entanto o fato de ter sido o primeiro e único trabalho deles explica as péssimas atuações. Agora, o
que se sabe pelo menos no caso de Roxanna Augesen, é que ela tem praticado direito,
ao que parece, desde os anos 2000 no estado da Califórnia.
Naquele dia um homem vindo do Texas toca a campainha.
Jeff atende e o senhor, que se apresenta como Joshua Daniels (Sam David
McClelland), pergunta sobre essa TV. Era para ter sido entregue para ele ao
que tudo indica, no entanto foi parar ali naquela casa. Jeff não sabe de nada e de forma
debochada acaba mandando o senhor embora. Após esse homem misterioso ter tocado a campainha, Jeff conhece
sua vizinha April (Victoria Bastel) e o cachorro irritante, Chocolate, que a acompanha. Jeff a
chama para beber algo, é então que a menina tem a ideia de tirar a coleira do
cachorro que – óbvio que isso iria acontecer – acaba fugindo para a floresta onde é morto
pelo zumbi que há três meses havia matado o antigo proprietário.
A noite, após um longo dia limpando a casa, Jeff encontra a
maldita televisão no sótão. Leva-a para seu quarto e a liga, mas dessa vez o
que está passando não é o filme sobre zumbis, mas sim uma loira bonita que começa
a falar-lhe diretamente. Confuso com aquilo, acaba presenciando a loira
sair da televisão para lascar-lhe um beijo e para logo em seguida regressar e
ser morta por um homem que se alto denomina “O Homem do Lixo”, que logo fala
sobre os perigos da TV. Esse homem, aliás, nunca mais aparece durante
toda a duração do filme. Não é deixada sequer uma pista sobre quem pode ser.
Os zumbis que estão à solta começam a tocar o terror e a
fazer novas vítimas, matando não só o pai de April como também sua empregada,
Maria (Libby Russler), além de seus vizinhos. Nenhuma das
mortes é tão impressionante, aliás. Algumas delas até apresentam manobras um pouco
absurdas por parte dos zumbis, como quando a zumbi noiva – como se já não bastasse o absurdo
da história em si, o filme ainda possui essas peculiaridades bizarras – que,
sabe-se lá como, esconde-se dentro da máquina de lavar para fazer uma de suas
primeiras vítimas. O fato de terem esperado três meses para voltar a matar também é um enigma. Por qual razão eles esperaram esse tempo todo? Enfim... Não é o tipo de filme que vale a pena gastar neurônios tentando entender.
Após essas mortes todas, Joshua Daniels retorna a bater à porta dos protagonista oferecendo
sua ajuda. A irmã, obviamente, mostra-se cética porque não presenciou nada do que
aconteceu. Seu irmão é que mantém o foco na conversa, prestando atenção nos
detalhes daquilo que pode vir a ser a solução dos problemas. Joshua diz que, pelo fato de
estarem mortas, aquelas criaturas não conseguem ver a si próprias no espelho
sem enlouquecer. Então sugere espalhar esses objetos pela casa como meio de
proteção. Agora, para matá-las, é necessário prendê-las em algum lugar onde não
há saída, porque dessa maneira elas enlouquecem e acabam matando a si mesmas, umas as outras. Por outro lado, para conseguir manter-se vivo, basta apenas controlar seus medos, pois as criaturas só matam se perceberem o medo das pessoas (o que ainda não explica o fato de eles terem esperado os três meses, afinal, quando matam a primeira pessoa, ela sequer sabia da existência deles, portanto também não tinha medo).
O filme se esforça tanto para ser engraçado, com frases "engraçadinhas" que não possuem muito sentido e não provocam nada além de
tédio. No entanto, o pouco do charme dessa podreira reside no fato de que o
filme possui a cara desses filmes b da década de oitenta, muito corroborada
pela trilha sonora bastante comum e boa, inclusive. A trilha, aliás, em alguns pontos, lembra
muito a trilha de “Halloween”, de John Carpenter. É nítido que o compositor
pegou algumas características “emprestadas” para compor a sua própria.
Já os zumbis, que deveriam ser um ponto alto da história,
não são nada além de maquiagens extremamente mal feitas (até que nem todos, pode-se dizer que um ou outro é até bem legal). Um deles possui um
aspecto azul horroroso, parecendo massa de modelar e um pouco de tinta
espalhadas pelo rosto. Inicialmente a ideia era de que cada zumbi tivesse uma
história própria responsável pelo que o caracteriza. Por exemplo, esse zumbi do
rosto azul seria um atleta dos anos cinquenta que se afogou, por isso assume
esse aspecto azulado. A noiva era uma mulher que foi assassinada em seu
casamento. Jack era um homem que morreu queimado em um acidente de carro, por
isso está todo arrebentado e faltando um braço. E o Ironhead (o que tem um ferro
de passar na cabeça) era um assassino em série que estrangulava suas vítimas,
por causa disso que se mostra tão entusiasmado enquanto estrangula a empregada. Essa ideia, no entanto, foi abandonada por Scott, diretor e roteirista, que preferiu não as referenciar no final das contas.
O final, um dos pontos mais fracos, percebe-se a clara
influência de “A Noite dos Mortos-Vivos” do Romero, quando esses zumbis vêm da
floresta e cercam a casa, mantendo Zoe aprisionada lá dentro. A diferença,
agora – e é onde reside uma das grandes bobagens do filme – é que a personagem, tomada pela ideia de
Joshua, tenta manter-se calma para em seguida convidar (parece absurdo, mas é isso mesmo!) a horda a entrar. Não bastasse
isso, ainda prepara comida (!!!) para cada um deles. Quando um desses zumbis, o
de rosto azul, aparentemente apaixonado – olha o nível que se segue! – levanta-se
para ir atrás da moça, acaba topando com um espelho, ficando um pouco
desorientado ao ver sua própria imagem refletida no objeto. O motivo desse zumbi se apaixonar, aliás, tem relação com sua história particular
(que acabou sendo deixada de lado e não explicada, assim como a dos
outros). O fato de ter sido um atleta bonitão, constantemente sofria investidas
de mulheres bonitas, por isso passa o filme todo procurando
carinho de Zoe e, algum tempo atrás, tinha procurado o de April também. Então Zoe, após perceber a
desorientação, atrai a todos para então prendê-los no porão, numa tentativa de finalmente colocar em prática tudo o que lhe foi ensinado por Joshua lá atrás. Os zumbis acabam realmente enlouquecendo e matando uns aos outros.
Uma sequência foi escrita posteriormente, mas acabou sendo
abandonada após o diretor receber o mesmo baixo orçamento deste, algo em torno
dos 80 mil dólares. O diretor queria um filme mais movimentado e com muito mais
zumbis, mas o baixo orçamento estipulado não lhe permitia
trabalhar da maneira como gostaria, preferindo engavetar o projeto. Nesta
sequência uma vítima seria puxada para dentro da televisão e mostraria sua
batalha para escapar. Uma história interessante que eu, como fã de podreira que sou, confesso que gostaria de
ter visto acontecer. Com um pouco mais de empenho poderia ter saído um filme
muito melhor e muito mais divertido.
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