Diretor: Curt
Siodmak
Roteiro: Curt
Siodmak
Elenco: Barbara
Payton, Lon Chaney Jr., Raymond Burr, Tom Conway, Paul Cavanagh, Gisela
Werbisek, Carol Varga, Paul Maxey, Woody Strode, Martin Garralaga, Felippa
Rock, Moyna MacGill.
Gênero:
Terror
Duração: 70
minutos
País:
Estados Unidos
Lon Chaney Jr. é um desses grandes ícones do cinema de
horror. Muito conhecido pela excelente performance como Larry Talbot no filme
“O Lobisomem”, de 1941, de George Waggner. Um dos melhores (e particularmente o
meu favorito) e mais icônicos filmes de lobisomens já feitos. Além deste, Chaney voltou a
interpretar o personagem em outros filmes da Universal nos anos seguintes, nos
filmes “Frankenstein Encontra o Lobisomem” (1943), “A Mansão de Frankenstein”
(1944), “O Retiro de Drácula” (1945) e no divertidíssimo “Abbott e Costello às
Voltas com Fantasmas” (1948). É um dos grandes nomes ao lado de Bela Lugosi,
Boris Karloff, Peter Cushing, Christopher Lee e os muitos outros. Com uma filmografia com cerca de 197
filmes, claro que ali no meio apareceriam alguns ruins e papeis também não tão
interessantes. É o caso deste “Bride of the Gorilla” (1951), que tem uma ideia
e tanto, mas um desenvolvimento limitado por causa do orçamento.
Um dos personagens centrais aqui é Barney Chavez
(interpretado por Raymond Burr), que trabalha numa plantação em algum país da
América do Sul, na Floresta Amazônica. Após alguns problemas na plantação,
alguns ocorridos talvez pela displicência de Chavez (como quando há um acidente
onde uma pessoa morre e as outras ficam feridas, tudo porque ele
não estava no local para auxiliar os outros trabalhadores), faz com que seja mandado
embora pelo seu chefe Klaas Van Gelder (Paul Cavanagh). Apesar de tudo, Chavez
é apaixonado por Dina (Barbara Payton), esposa de Klaas, no entanto para tê-la, algumas medidas drásticas teriam de ser tomadas. É então que ele comete
seu maior erro. Cego pela raiva por ter sido mandado embora e também por sua
paixão por Dina, acaba matando Klaas. O que ele não esperava, naquele momento,
é que aquilo se tornaria sua ruína. Uma bruxa nativa chamada Al-Long (Gisela
Werbisek) presencia o ocorrido e aproveita a chance para lançar uma maldição em
Chavez. Essa maldição viria a transformá-lo em gorila.
Bom, e onde entra Lon Chaney Jr. nisso tudo? Ele interpreta
o chefe de polícia local Taro, um homem que há muito estudou fora, possui algum
conhecimento científico, mas se mantem divido entre suas crenças. Apesar de não
ser um papel que exija muito do ator, no entanto Chaney consegue extrair o
máximo que pode do que lhe foi dado, entregando boas atuações num papel até interessante. Ele é o responsável por investigar a morte do senhor da
fazenda contribuindo com algumas descobertas importantes ao longo da trama.
A ideia é boa, mas o limitadíssimo orçamento impediu o
diretor e roteirista, Curt Siodmak, de trabalhar algumas cenas onde seriam necessários bons
efeitos e maquiagem. Por exemplo, no início o suspense criado em torno da
criatura funciona. O espectador fica curioso para saber como são suas
características físicas, sua aparência. Isso contribui para prender a atenção,
no entanto tudo isso é jogado fora a partir do momento que o suspense se
prolonga de tal maneira que passa a tornar-se enfadonho. Chega num ponto no
qual esse prolongamento é tamanho que acaba por fazer com que se perca o
interesse. Aliás, o monstro mesmo nunca é visto de corpo inteiro. Aparece
durante poucos segundos, de relance, no final do filme, numa das últimas cenas.
Mas tudo bem. O monstro não é tudo, certo? O que dizer da
trama e as atuações então? A verdade é que há muito pouco para manter-se
envolvido também. Praticamente todas as ações acontecem em off-screen, ou seja,
não se vê nada do que acontece de fato. Isso, como mencionado acima, é por causa do orçamento que não permitiu que se trabalhasse com bons efeitos e maquiagem. Então o filme, apesar de curto,
desenvolve-se por meio de diálogos e situações que não soam tão atraentes
assim, uma vez que apenas isso não é o suficiente para que um filme
assumidamente b possa caminhar por si mesmo. As atuações, por outro lado, são decentes. Com Lon
Chaney Jr. entregando um personagem realmente disposto a ajudar a solucionar o
crime, e um Raymond Burr com seu olhar sinistro e compenetrado, de quem parece guardar
terríveis segredos. Barbara Payton também entrega uma atuação bastante boa,
assim como o resto do elenco que não compromete.
Interessante constatar que o filme foi inteiramente filmado em
sete dias, o que também pode ter contribuído – vai saber – com o resultado
final insatisfatório. A princípio o diretor tinha estudado a possibilidade de
trocar os papeis de Raymond Burr e Lon Chaney Jr. (O que seria bastante
interessante de se ver, afinal de um homem que se transformava em lobisomem,
neste filme ele passaria a se transformar em gorila. Olha que interessante essa
alusão!), mas acabou desistindo da ideia por causa da aparência já mais
envelhecida de Chaney.
Barbara Payton também foi responsável por protagonizar
alguns inusitados episódios fora das filmagens. A atriz nunca foi conhecida por
ser fiel a seus maridos, possuindo uma má reputação por estar sempre envolvida
em relações de traição. Havia boatos de que dormia com todo produtor e
pessoas relacionadas que tivesse a oportunidade. Muitos desses boatos eram
falsos, no entanto. Seu marido atual, Franchot Tone, descobriu que Barbara teve
um caso com dois atores do elenco, Tom Conway
e Woody Strode. Dando início a uma grande polêmica envolvendo a
produção do filme além de somar mais uma para sua coleção pessoal.
No fim, “Bride of the Gorilla” tornou-se um clássico cult.
Portanto se não vale a pena vê-lo pelo que é realmente, com certeza vai valer
pelas curiosidades. Afinal, quem não gostaria de ver um “filme de lobisomem”
cuja criatura, ao invés de ser um homem amaldiçoado que se transforma nesse
bicho uivante, transforma-se em gorila? Mesmo apesar dos pensares?