segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Leviathan - O Segredo dos Oceanos (Leviathan, 1989)

 

Nota: ★

Diretor: George P. Cosmatos
Roteirista: David Webb Peoples, Jeb Stuart
Elenco: Peter Weller, Richard Crenna, Amanda Pays, Daniel Stern, Ernie Hudson, Michael Carmine, Lisa Eilbacher, Hector Elizondo...
Gênero: Horror, Sci-Fi, Thriller
Duração: 1h 38 min
País: Estados Unidos, Itália

Em 1982, John Carpenter lançou o que se tornaria um dos melhores filmes de Ficção Científica com “O Enigma de Outro Mundo”, um filme cuja história se passa no Ártico, onde uma equipe de pesquisa estadunidense precisa lidar com um perigo que veio do espaço e passa a se passar pelas pessoas com as quais tem contado, tornando-se nelas por meio de mutações genéticas. Carpenter criou um ambiente onde o terror e o perigo iminente permeiam a obra do começo ao fim, qualquer um ali poderia estar infectado pela criatura, prestes a ter seu corpo completamente tomado para, em seguida, tomar o corpo de outros e continuar se alimentando. Alguns anos atrás, ainda, Ridley Scott lançou outra obra icônica do gênero, que também apresenta um ambiente claustrofóbico e um perigo iminente, mas, desta vez, o perigo se manifestava no espaço, a bordo da nave USCSS Nostromo. Ambos os filmes têm em comum essa ameaça vinda do espaço, sedenta por sangue, que encurrala suas presas, seja dentro de uma base militar isolada do mundo em meio a um inverno rigoroso, seja a bordo de uma nave que vaga sozinha pelo espaço.

Muitas comparações podem ser feitas com a obra discutida neste texto. Vários outros filmes vieram depois dos citados e ajudaram ao lendário diretor italiano George P. Cosmatos (também conhecido por filmes B marcantes como “Rambo 2: A Missão” e o cultuado e involuntariamente hilário “Stallone: Cobra”) a moldar esta obra em questão. Os anos 80 foram marcados por filmes deste tipo – embora “Alien”, também citado, tenha sido lançado no final dos anos 70 –, filmes com humor negro ácido e muita nojeira, especialmente quando se tratando de ficção científica.

Em “Leviathan”, portanto, a história possui certa semelhança com os filmes falados acima, mas, agora, nada de espaço sideral ou base de pesquisa no Ártico; em vez disso, a história se passa em uma base de extração de minério no fundo do oceano. E qual é o perigo aqui? Nada mais do que um organismo microscópico desconhecido que usa o DNA do hospedeiro para se transformar e atacar suas presas.

Na base estão o Dr. Glen “Doc” Thompson (Richard Grenna), Elizabeth “Willie” Williams (Amanda Pays), Buzz “Sixpack” Parrish (Daniel Stern), Justin Jones (Ernie Hudson), Tony DeJesus Roero (Michael Garmine), Bridget Bowman (Lisa Eilbacher) e G.P. Cobb (Hector Elizondo). Em um dia aparentemente normal, eles se deparam com um navio soviético naufragado. Após explorarem o navio e recolheram alguns pertences, incluindo uma vodka que desempenha um papel importante no decorrer da história, eles se contaminam com esse microrganismo desconhecido. A partir disso, o que se vê são sequencias de terror em uma base onde não há para onde fugir, por isso, precisam se unir para lutar contra o inimigo.

Ao contrário dos filmes comparados no texto, George P. Cosmatos não consegue replicar o clima de tensão e perigo iminente com a mesma eficiência. Uma vez que o microrganismo já se encontra abordo, a sensação de morte iminente não se mantém constante, principalmente pela falta de urgência que o roteiro não desenvolve adequadamente. Por outro lado, o filme entrega boas sequências envolvendo algumas transformações. A primeira, por exemplo, envolvendo Sixpack, é eficaz por não ser tão óbvia nem demasiadamente explicita. Aos poucos, o personagem vai se deteriorando, e a sugestão do que pode estar acontecendo com seu corpo começa a ter efeito e, quando chega no momento de revelar o que realmente aconteceu com ele, o choque de vê-lo todo distorcido, retorcido em carne e novos membros é real. Após isso, o diretor não consegue mais causar o mesmo impacto.

Parte dessa falta de impacto se deve também aos efeitos práticos. Alguns são realmente bons, mas outros não são. O design da criatura, desenvolvida por Stan Winston, também deixa a desejar. Ao contrário de Alien e do amorfo de John Carpenter, aqui a criatura é um amontoado de carne, que leva o espectador a se questionar sobre como ela consegue se mover efetivamente naquele ambiente. No final, quando ocorre o resgate, fica evidente que a escolha de mostrar a cena por meio de uma câmera que treme excessivamente – o que até então não tinha acontecido – é apenas uma forma de esconder os problemas envolvendo tanto a construção da cena em si quanto a própria criatura.  

Mas o filme não é ruim; pelo contrário. Há boas sequências de tensão envolvendo todo o medo gerado por esse microrganismo, além do que acontece depois, quando o corpo já está tomado por ele. E o finalzinho, propriamente dito, após o resgate, é hilário, com o protagonista realizando uma ação nada previsível, digna do humor característico da época e também do próprio do diretor.

O diretor, aliás, é amigo de Winston e admirado por ele. Durante algumas sequências, foi o próprio criador do mostro que as dirigiu. A humildade de Cosmatos em admitir, em alguns momentos, que não sabia o que estava fazendo e, então, pedir ajuda à equipe, ganhou a admiração de todos, especialmente a de Stan Winston, que admitiu isso em entrevista. Como criador do personagem, ele sabia o que fazer e como proceder, e nesses momentos era quando o diretor pedia sua ajuda. Dessa forma, é interessante notar que algumas das sequências envolvendo a criatura foram dirigidas pelo mestre dos efeitos especiais. Aliás, para desenvolver a criatura, tanto Stan quanto Cosmatos estudaram vários livros sobre a vida marinha para se basearem na criação da criatura. Eles foram inspirados principalmente pela fisiologia do mundo natural, combinando-a com o corpo humano, o que resultou no que pode ser visto no filme. Infelizmente, o resultado não foi o melhor. Já o filme, por outro lado, como resultado geral, é um delicioso mergulho às profundezas do oceano, com personagens carismáticos, uma boa história, e boas sequências. 

 


 

 

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