terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Y2K: Bomba-Relógio (Y2K, 2024)

Nota: ★

Diretor: Kyle Mooney
Roteiro: Kyle Mooney, Evan Winter
Elenco: Jaeden Martell, Rachel Zegler, Julian Dennison, Daniel Zolghadri, Lachlan Watson, Fred Durst, Kyle Mooney, Eduardo Franco...
Gênero: Terror, Sci-Fi, Comédia
Duração: 1h 31min
País: Estados Unidos, Nova Zelândia

Uma coisa que eu não costumo fazer é escrever sobre filmes que não gosto. Isso porque acho mais vantajoso falar do que me agrada do que o oposto, mas em alguns momentos é necessário isso. Sempre busco assistir a algo que me parece interessante com a intenção de sair animado, para poder vir aqui e colocar em palavras o quanto o filme me divertiu, ou assustou, ou emocionou, ou tudo ao mesmo tempo, mas quando isso não acontece, acaba deixando uma lacuna, e fazendo surgir uma sensação de frustração (muitas vezes forte), que se intensifica quando as expectativas para o filme são altas. Não chega a ser o caso aqui, no entanto. Minhas expectativas já estavam baixas, mas mesmo assim, ao final da sessão, o filme ainda conseguiu me entregar menos, muito menos (mas muito mesmo!) do que eu já esperava.

É véspera de ano novo de 1999, e os dois amigos Eli (Jaeden Martell) e Danny (Julian Dennison) – dois nerds que não se encaixam e sofrem bullying na escola – resolvem fazer algo novo e sair da zona de conforto. Eles vão a uma festa para passar a virada do milênio e, talvez, conseguir passar essa virada com alguma garota. Eli, por exemplo, é apaixonado por Laura (Rachel Zegler) e vê nesta festa uma oportunidade. O que acontece é que, na transição para o milênio, as máquinas ficam malucas e tomam o controle, matando todos que veem pela frente.

Poderia resultar em algo interessante disso, com toda certeza, mas os problemas, que são muitos, impedem isso de acontecer, a começar pelos personagens. Todos eles, sem exceção, são unidimensionais e chatíssimos. O roteiro não se preocupa muito em dar profundidade a nenhum, nem mesmo aos protagonistas. De passagem, em alguns momentos, é mencionado ou mostrado algum problema que os personagens enfrentam em suas vidas, mas é tão superficial quanto uma piscina de plástico inflável, o que reflete em atuações horrendas – não citarei nomes específicos, porque todos estão péssimos – que fazem desanimar qualquer um. Além disso, passa a impressão de que os roteiristas se arrependeram de terem escrito determinados personagens, que saem de cena em mortes vergonhosamente mal escritas e executadas (quem assistiu talvez se lembre do que aconteceu com o personagem cabeludo). Parte disso parece estar ligado à comédia à qual o filme se propõe, mas falha muito, principalmente por não saber fazer essa transição entre o terror e a ficção, o que resulta em cenas nada inspiradas que soam perdidas e que, em vez de divertir, criam uma sensação de vergonha alheia (a participação do vocalista do Limp Bizkit é uma delas).

O ponto ao qual o filme tenta se ancorar, portanto, são as referências, que não são poucas, e vão desde outros filmes lançados na época até músicas, numa última tentativa de cativar o espectador pela nostalgia. Claro, funcionaria se não fosse por todos os outros tropeços. Aliás, muitas dessas referências também não se sustentam, uma vez que aparecem na tela apenas como referências mesmo, de forma gratuita e sem um papel narrativo claro. Assim sendo, parece haver uma tentativa de disfarçar os problemas de roteiro e direção com uma nostalgia que, infelizmente, soa artificial; o que, em suma, reflete em um filme que não diverte, não transporta o espectador para a época de forma convincente e não consegue engajar com seus personagens nada carismáticos.

 

(Textos Curtos - Algumas Considerações)   

 

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