Nota: ★★★★★
Diretor: David Cronenberg
Roteirista: John Wagner, Vince Locke, Josh Olson
Elenco: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt, Ashton Holmes, Peter MacNeill, Stephen McHattie, Greg Bryk...
Duração: 1h 36 min
País: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha
Não é bem um filme de terror, mas se encaixa bem por causa da estranheza e da tensão que a história causa. Além disso, foi dirigido por ninguém mais, ninguém menos que David Cronenberg, um dos maiores do cinema de gênero. Com sua especialização no body horror, aqui, pelo contrário, o filme foge disso. Aliás, esta é uma fase bastante distinta da carreira do mestre, que deixa o horror de lado para se dedicar ao suspense e ao drama mais focados na realidade.
Tom Hall (Viggo Mortensen) e Edie Stall (Maria Bello) são donos de uma cafeteria na pacata cidade de Millbrook, no interior dos Estados Unidos. A família, também composta pelo filho Jack (Ashton Holmes) e pela filha Sarah (Heidi Hayes), é posta de cabeça para baixo após dois assassinos invadirem a cafeteria, obrigando Tom a se defender e também a defender seus funcionários usando o única recurso disponível no momento, que é matando-os. A partir disso, um homem misterioso (interpretado por Ed Harris) passa a perseguir a família. Muitas dúvidas começam a pairar sobre Tom. Afinal, quem é esse sujeito misterioso que o persegue e o que ele quer com o calmo e carismático patriarca?
Conhecido pela violência gráfica, Cronenberg aqui se contém, priorizando o desenvolvimento dessa família frente aos terríveis acontecimentos, mas principalmente priorizando Tom, que evidentemente ama a família acima de qualquer coisa, sendo um ótimo marido e pai. As dúvidas que começam a surgir na cabeça do espectador fazem total sentido frente ao que lhes é posto, principalmente diante da ambiguidade que se é criada com relação a Tom. Afinal, como um homem calmo, carismático, de fala e andar mansos consegue usar tamanha força e acurácia para conter dois assassinos violentos? E o mérito de Cronenberg em desenvolver certas pistas ajuda a tornar este um dos clássicos da década de 2000, com um suspense crescente e uma história que faz com que o espectador se preocupe e torça para que tudo dê certo para a família e, claro, para com o personagem principal também.
Recheado de interpretações fortes, “Marcas da Violência” é uma grande adição ao catálogo de filmes do diretor, que, mesmo aqui, ainda sabe usar a violência gráfica quando ela é necessária, sem parecer gratuita ou deslocada. Destaque total para Viggo Mortensen, Ed Harris e para William Hurt, este que tem uma pequena, porém crucial e marcante aparição.
(Textos Curtos - Considerações)