quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Maratona de Halloween 2024: #2, Schlitter (2023)

 


🎃🎃🎃½

Diretor: Pierre Mouchet
Roteirista: Pierre Mouchet e Robin
Elenco: Louka Meliava, Léna Laprès, Gilles David, Côme Levin, Bernard Eylenbosch, Marie-Paule Kumps, Antime Calbrie Ekeloo, Nelson Maerten, Emmanuel Joucla, André Pasquasy, Arnaud Kervyn
Gênero: Terror/Suspense
Ano: 2023
País: França

Hora de partir para uma obscuridade: “Schlitter” (2023) é um filme francês feito para tevê pelo estreante Pierre Mouchet. O jovem diretor que anos antes havia chamado atenção por seu primeiro trabalho, um curta-metragem sobre um homem que vive sozinho no campo, com um segredo macabro.

Lucas (Antime Calbrie Ekeloo) e seu melhor amigo Mathias (Nelson Maerten) são dois garotos de oito anos de idade que vivem vidas bem diferentes. Enquanto o segundo parece ter uma relação saudável com os pais, o primeiro, por outro lado, vive uma situação bem diferente; com um pai autoritário, Lucas precisa lidar com uma infância difícil onde as agressões não são apenas mentais. O pai, considerado o melhor lenhador da região, o trata como um fracote por não conseguir realizar as tarefas do jeito que ele supõe que homens deveriam realizar, e por causa de certa dificuldade apresentada pelo menino, agressões físicas (uma em específico é mostrada, mas já é o bastante para se fazer crer que é algo corriqueiro) e mentais passam a ocorrer. O ápice dessa infância ruim acontece quando, sem querer, seu pai acaba atropelando seu amigo Mathias. Foi uma fatalidade, seu pai não o viu na estrada e assim acabou passando por cima no menino. Uma fatalidade transformada em crime quando, sem pudor algum, joga a bicicleta e o corpo ladeira abaixo. Lucas, dentro do carro, não consegue esboçar reação alguma frente a tamanha atrocidade.

Anos mais tarde, com Lucas agora já adulto (nesta fase da vida interpretado por Louka Meliava), recebe a ligação de que seus pais morreram em um incêndio. É após o funeral que ele, sua namorada Julie (Léna Laprès) e seu amigo Arnaud (Côme Levin) são convidados pelo pai de Mathias (que é interpretado por Gilles David) a parar em sua casa para que Lucas pegue alguns pertences de seus pais que foram salvos do incêndio e, também, para tomar um café. Percebe-se que o pai do menino morto nunca se recuperou do ocorrido, pois, além da perda do filho, ainda perdeu a esposa pouco tempo depois justamente por não ter conseguido lidar com o luto. É nesse momento, então, que as coisas começam a mudar; onde as coisas não são o que parecem e alguns segredos começam a ser revelados.

Com um orçamento modesto, o que o diretor entrega compensa em termos de criatividade. O filme segue com suspense crescente após o carro de Lucas estragar e os três ficarem presos na casa do velho. Como toda a história se passa no campo, no meio do nada, a sensação de impotência se instaura desde os primeiros instantes após as coisas começarem a dar errado. Sem carro, eles não conseguem ir para lugar algum, portanto precisam lidar com os problemas ali mesmo. E os problemas não são nada pequenos.

Contando com boas reviravoltas, o diretor mantém a atenção do público nos momentos-chave, onde a trama poderia descambar para o nada. E a violência, como mencionada no início do texto, se apresenta da melhor forma possível: tudo mostrado on-screen e de forma extremamente gráfica que, aliás, conta com uma excelente maquiagem e efeitos.

Alguns problemas também podem ser observados, como, por exemplo, algumas decisões questionáveis por parte de alguns personagens e algumas ações que parecem não condizer com a condição física de um personagem específico. O desenvolvimento dos três amigos, já adultos, também deixa a desejar; há um problema que Lucas descobre ao ler algumas mensagens no celular da namorada que não surte efeito, uma vez que não há tempo para trabalhar esse, entre outros elementos, e aspectos dos personagens. Nada que tire o brilho da obra, no entanto.

Com isso, “Schlitter” demonstra ser um trabalho decente feito por um estreante que soube muito bem como lidar com o baixo orçamento, incrementando na história, que é o mais importante, elementos que ajudam a manter o interesse do público, de modo que haja suspense e terror na medida certa. Sendo um filme feito para tevê, impressiona. Ainda mais quando se leva em consideração as doses de violência. 

 


 

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