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Diretor: Piers Haggard
Roteirista: Robert Wynne-Simmons, Piers Haggard
Elenco: Patrick Wymark, Linda Hayden, Barry Andrews, Michele Dotrice, Wendy Padbury, Anthony Ainley, Charlotte Mitchell, Tamara Ustinov, Simon Williams, James Hayter, Howard Goorney, Avice Landone, Robin Davies...
Gênero: Terror
Ano: 1971
País: Reino Unido
Duração: 97 minutos
O folk horror, também conhecido como terror folclórico ou terror rural, é um dos subgêneros mais interessantes dentro do terror. São histórias construídas a partir de superstições antigas e crenças populares que envolvem bruxaria, satanismo, ocultismo e assim por diante; e um dos charmes desse tipo de filme é que eles se passam em pequenos vilarejos ou pequenas cidades em tempos antigos (este último não necessariamente) e principalmente em lugares isolados envoltos por natureza. São filmes que buscam retratar o lado obscuro do comportamento humano. O termo, a propósito, foi cunhado por Rod Cooper e usado pela primeira vez justamente à época para definir este filme.
Aqui, a história se passa num pequeno vilarejo no interior da Inglaterra onde as crianças e adolescentes começam a apresentar um comportamento estranho após um agricultor encontrar no terreno de sua fazenda, enterrado, o corpo do que seria um demônio. Apavorado, ele vai atrás do juiz da cidade (interpretado por Patrick Wymark) a procura de ajuda e, a partir daí, tudo desmorona naquele pequeno lugar. As crianças e adolescentes encontram na figura de Angel Blake (interpretada maravilhosamente por Linda Hayden) uma espécie de liderança; uma líder que os guia em direção oposta ao que diz os temos morais à época. É então que as coisas ficam interessantes; o que seria isso, esse mal mostrado no filme? O próprio nome da personagem de Hayden é altamente sugestivo. O filme questiona muitos pontos que envolvem a religião naquele contexto, como a forma buscada para aparar esse mal, por exemplo; também há o padre (que também é professor) que, apesar de resistir as tentações de Angel quando a mesma se apresenta nua em sua frente num determinado momento, age de maneira extremamente questionável com relação às suas missas e aulas. Inclusive, dentre muitas interpretações, o comportamento desses jovens pode estar diretamente atrelado a esse sistema opressor que se encontra representado na figura desse líder religioso. Ou seja, mais do que a história em si, o que se vê nas entrelinhas é ainda mais fascinante.
O que se pode ver on-screen, por outro lado, são cenas que impactam: a própria cena de Angel nua tentando seduzir o padre é uma delas; mas, talvez, a mais impactante e incômoda de todas seja a do estupro seguido de assassinato, onde as crianças e adolescentes acompanham o ato de perto enquanto se deliciam com o que veem. Verdade seja dita, há uma grande exploração da sexualidade aqui, o que faz muito sentido nesse contexto religioso, e, junto disso, fica ainda mais perturbador quando se tem em mente que tudo ocorre por meio de Angel e as outras crianças e adolescentes daquele lugar – que deveriam representar a pureza e castidade.
O filme já era polêmico à época e, hoje em dia, ainda continua assim. É ousado e questionador e, apesar dos problemas no roteiro (que não são muitos e não comprometem), o resultado é um dos melhores filmes do subgênero. Vale também dizer que, junto dele, há dois outros filmes que compõem uma espécie de trilogia do folk horror, que são eles “O Caçador de Bruxas” (1968) e a obra-prima “O Homem de Palha” (1973) – o segundo interpretado magistralmente por Christopher Lee, e o primeiro, por Vincent Prince.
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