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Diretor: Chris Butler, Sam Fell
Roteiro: Chris Butler
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Anna Kendrick, Christopher Mintz-Plasse, Tucker Albrizzi, Casey Affleck, Leslie Mann, Jeff Garlin, Elaine Stritch, Bernard Hill, Jodelle Ferland, John Goodman...
Gênero: Animação
Ano: 2012
PaÃs: Estados Unidos / Reino Unido
Duração: 90 min
Dos estúdios dedicados a animações, Laika é um dos que mais se destacam. Estúdio de filmes como “Coraline” (2009), seu maior sucesso, e o mais recente “Link Perdido” (“Missing Link”, 2019), esse estúdio dedica-se inteiramente à forma mais artesanal de se fazer animações: stop motion. E os fazem com paixão e amor à arte acima de tudo. São filmes belÃssimos visualmente falando, mas também em termos de história e substância. Todos, sem exceção, possuem mensagens a ser passadas ao público, e muitas vezes tocam em assuntos pesados que se escondem por trás de personagens delicados e histórias que exigem que o público busque por parte dessas mensagens nas entrelinhas. Inclusive, parte deliciosa que é assistir aos filmes dessa produtora é que, conforme for revisitando seus filmes, há detalhes que podem ser pegos nessa revisão que não foram anteriormente. Assim, com todo o cuidado e esmero possÃvel, seus filmes demoram anos para serem finalizados. De seu primeiro filme, “Coraline”, para este retratado neste texto, que é o segundo da produtora, por exemplo, levou três anos. De “Missing Link”, que é seu último lançamento, para o próximo, que será em 2025 (Wildwood – que, segundo o IMDb vai contar a história de Prue Mackee, que sai à procura de seu irmão sequestrado na floresta fora da cidade onde vive), serão 6 anos de espera. Isto é, ao contrário de estúdios que lançam filmes todos os anos, os estúdios Laika, pelo contrário, não faz desta forma. E o resultado maravilhoso como já dito antes pode ser visto em cada um de seus lançamentos. É um tempo grande de espera que faz valer a pena.
Em “ParaNorman” (2012) a história segue Norman (cuja voz foi dada vida por Kodi Smit-McPhee), um jovem rapaz que, assim como toda a famÃlia, está atravessando o processo de luto pela perda de sua avó (Elaine Stritch). O que o diferencia dos demais de sua famÃlia – e aliás, de todos da cidade, com exceção de seu tio, logo chegaremos lá – é que ele consegue ver os espÃritos dos mortos, e consequentemente o de sua avó. Todos da cidade, mas principalmente os meninos da escola, tratam-no como uma aberração, mas o que mais o machuca é o fato de sua própria famÃlia não fazer o mÃnimo esforço para entender seu lado. Toda a famÃlia, com exceção de sua mãe, Sandra Babcock (voz de Leslie Mann), olham para ele de maneira diferente. A irmã, Courtney Babcock (Anna Kendrick), provoca-o sempre que tem oportunidade, seu pai, Perry Babcock (Jeff Garlin), que não aceita o jeito do filho de ser, pega duro o rapaz, inclusive com dizeres fortes como quando no carro, por exemplo, diz ao filho que não pediu para que ele nascesse desta forma. A única pessoa que o entende e o aceita do jeito que é, é seu melhor amigo Neil (Tucker Albrizzi), que sempre faz questão de estar ao seu lado, mesmo quando Norman não quer companhia alguma. Neil, a propósito, é uma espécie de alÃvio cômico (não que o filme precise disso) e ajuda a balancear a história. O modo como ele enxerga o mundo, de forma positiva mesmo frente à s adversidades, faz o filme mais leve. É ele quem protagoniza algumas das cenas mais engraçadas de todo o longa inclusive.
Numa data comemorativa da cidade é que tudo começa a virar de cabeça para baixo. Uma maldição há muito lançada sobre ela está prestes a acontecer. Antes, o dever de acabar com essa maldição foi dado ao tio de Norman, Mr. Prenderghast (John Goodman) – considerado o maluco da cidade –, que também é capaz de ver e conversar com espÃritos, porém, com o falecimento do mesmo, recai sobre os ombros do menino livrar a todos das garras dos mortos-vivos sedentos por cérebro. Conforme a trama se estabelece e se desenvolve, vem à tona o fato de que muitas coisas não são o que parecem ser, e é então que a mensagem começa a ser passada para o público. Aqui, observa-se que um dos panos de fundo é o bullying que sofre Norman e o gordinho seu amigo. O diretor foca nas formas como ele reage frente aos comportamentos agressivos de seus colegas de escola e também de sua própria famÃlia. E quando a maldição se aflora, o que pode ser visto num dado momento é o oposto; pessoas que no passado foram maltratadas agora retornam para maltratar. Será que é justificável pagar usando da mesma moeda? Um diálogo que Norman tem com uma personagem, inclusive, é de uma delicadeza e profundidade enormes. A trilha sonora, a propósito, reforça essa delicadeza que permeia o filme e combina com a personalidade de Norman.
Como um filme infanto-juvenil (será que posso chamar desta forma?), os diretores se superam, pois também acrescentam à história várias referências à filmes de terror dos anos oitenta e setenta. A principal homenagem é para o mestre George A. Romero (falecido em 2017 por um câncer fulminante de pulmão) – responsável por criar e desenvolver todo um subgênero e inclusive conferindo aos zumbis caracterÃsticas que não eram vistas em filmes que vieram antes –, mas há também homenagens à “Halloween” (1978) e “Sexta-Feira 13” (1980), em uma cena divertidÃssima. Ou seja, há diversão aqui para todos os públicos, e os que são amantes do terror com certeza se divertirão muito.
Com visual lindo, portanto, uma história que entretém e que ao mesmo tempo discute assuntos importantes, mais os vários personagens divertidÃssimos e zumbis carismáticos são a mistura que torna este um dos melhores filmes da produtora. Que a verdade seja dita, chega a ser difÃcil escolher os melhores, visto que todos possuem caracterÃsticas que os tornam únicos, mas este, visto a temática, consegue destaque.
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