terça-feira, 8 de outubro de 2024

Maratona de Halloween 2024: #6, O Quarto do Pânico (Panic Room, 2002)

🎃🎃🎃🎃

Diretor: David Fincher
Roteiro:
David Koepp
Elenco:
Jodie Foster; Kristen Stewart; Forest Whitaker; Dwight Yoakam; Jared Leto, Patrick Bauchau, Ann Magnuson, Ian Buchanan, Andrew Kevin Walker, Paul Schulze, Mel Rodriguez...
Gênero:
Thriller/Drama
Ano:
2002
País:
Estados Unidos
Duração:
111 min

Conhecido por seus excelentes e diferenciados trabalhos, David Fincher, especialista na direção de Thrillers, é um dos grandes de sua geração e um dos badalados atualmente. Ainda em início de carreira, após a conturbada produção de seu debute “Alien 3” (1992), vinha de uma grande sequência de lançamentos de meados dos anos 90 até seu fim. Dois desses filmes se tornaram clássicos instantâneos e hoje já são considerados filmes de culto, são eles "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (1995) e "Clube da Luta" (1999), sendo este último considerado mais Cult do que o primeiro pelo fato de o primeiro ser mais amplamente conhecido. Ambos, no entanto, foram e ainda são exaustivamente estudados por estudiosos e historiadores do cinema e também por todos aqueles que amam e querem aprender um pouco mais sobre a Sétima Arte. Então, já famoso a essa altura, todos esperavam ansiosos por seu novo projeto, um filme que acabou se mostrando menor dentro de sua até então curta filmografia, mas ainda assim um grande filme.

De mudança para uma das partes mais nobres de Manhattan, Meg Altman (Jodie Foster), junto de sua jovem filha, Sarah (Kristen Stewart), decide comprar uma das melhores e mais cobiçadas casas da região; uma casa enorme de três andares que traz uma relativa novidade com relação às outras grandes casas que estavam sendo construídas na época: possui um quarto do pânico. Quarto este que serve como proteção em casos de invasão, que é exatamente o que acontece quando três ladrões invadem a casa no meio da noite. Elas, portanto, podem se esconder dentro do quarto que é feito de metal e concreto e possui monitores cujas câmeras mostram todos os outros cômodos. As fiações elétrica e telefônica, por sua vez, são independentes, o que as permitem fazer ligação para polícia enquanto esperam, teoricamente a salvos, a ajuda chegar. Teoricamente pelo motivo de que, aqui, as coisas não acontecem como esperado.

Logo no começo, sem muitas delongas, todo o ambiente e as personagens principais são apresentados muito eficientemente. Enquanto mãe e filha estão olhando a casa juntas do consultor de imóveis e da, ao que parece ser, amiga da família - o filme não explica muito bem quem é essa personagem -, todos os cômodos onde a ação ocorrerá são cuidadosamente apresentados, assim como as próprias protagonistas e suas personalidades, que serão trabalhadas pelo diretor aos poucos ao longo da trama. Longos plano-sequências também são utilizados para esse fim, e são planos que, além de lindos, mostram-se bastante competentes, pois evidenciam elementos que serão importantes em algum momento da história.

É interessante notar que Fincher trabalha muito bem com as pistas, seja mostrando a injeção de insulina dentro da "geladeirazinha" no quarto da menina, seja mostrando um espelho trincado. Algumas pistas podem ser mais evidentes que outras, o importante é prestar atenção. No entanto, aqui, Fincher trabalha até certo ponto de forma bastante contida nesse sentido. Não são uma infinitamente de pistas intrincadas escondidas em camadas muito profundas, muito pelo contrário, algumas delas chegam a ser um pouco óbvias. O que faz desses poucos e singelos elementos notáveis, contudo, é sua eficiência na condução da história e também na construção do suspense e tensão. Uma vez identificadas essas pistas, mais envolvente o filme se torna porque o espectador agora tem elementos que vão além do entendimento daqueles personagens.

Os personagens, aliás, são bem trabalhados, embora não muito aprofundadamente. A mãe, passando por um divórcio, tenta manter-se firme e forte aos olhos da filha, mas desaba quando está sozinha, e é muito determinada principalmente quando o assunto é proteger a filha. A filha, por sua vez, é uma garota esperta, forte, e que gosta de fazer e falar o que quer sem impor a si mesma muitos limites. São duas personalidades distintas que conversam entre si dentro da proposta do filme. Do outro lado há os bandidos, Junior (Jared Leto) é o que parece ser o "chefe" da situação, mas ao contrário das atitudes de um típico líder, ele é um pouco impulsivo, falastrão e bastante burro, o que muitas vezes acaba comprometendo a missão que os três foram executar ali. Raoul (Dwight Yoakam) é enigmático - tanto é que passa a maior parte do filme mascarado -, de fala curta e é muito violento, e, vale dizer, é responsável por elevar a tensão entre os três em alguns bons momentos. Burnham (Forest Whitaker), por outro lado, é o comedido e sensato dos três, criando um contraste interessante, bem como um paradoxo curioso, pois suas atitudes nos momentos em que há descontrole da situação levam o espectador a desenvolver certa empatia por ele. Ao mesmo tempo em que a empatia é criada pelas protagonistas, também é criada por esse outro personagem, e essa espécie de paradoxo trabalha muito bem a favor do filme.

Mas como nem tudo é perfeito, alguns pecados são cometidos. Um deles é a quebra de uma regra estabelecida ainda no primeiro ato. Quando a mãe percebe que a casa foi invadida, ela corre para acordar a filha. Os bandidos, que estão a alguns andares abaixo, escutam-na e correm atrás dela para tentar impedi-la de fugir. Em outro momento um pouco mais adiante, ela precisa novamente correr para pegar um objeto, e os bandidos, que não estavam longe, não a ouvem até ela derrubar o tal objeto. Não há motivo que justifique essa incoerência que não por pura conveniência.

"Quarto do Pânico", portanto, embora menor entre os filmes do diretor produzidos de meados dos anos 90 até aquele ano de 2002, ainda se mostra um grande filme. Fincher sabe conduzir a história com o suspense crescente que lhe é característico, também há bons pontos de virada e diversos elementos que vão surgindo para não deixar a trama cair, além, claro, das personagens que são muito legais de acompanhar. Pode não ser uma obra-prima como "Seven" e "Clube da Luta", mas é, com toda certeza, um filme do Fincher. O que isso quer dizer? Quer dizer que é um filme cuja tensão, quando começa, se mantém até o final envolvendo o espectador de tal maneira que não o deixa terminar o filme passivo. 




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